Superlotação segue em emergências de hospitais e pronto atendimentos de Porto Alegre

A Unidade Moacyr Scliar, na zona Norte, operava com 324% de ocupação nesta manhã. Há restrição parcial nas emergências de alguns hospitais

Foto: Cristine Rochol/PMPA/Divulgação

Os hospitais e unidades de pronto atendimento seguem registrando superlotação nas emergências em Porto Alegre. Conforme a última atualização do painel de acompanhamento de ocupação da prefeitura de Porto Alegre, mantido pela Secretaria Municipal da Saúde (SMS), três hospitais operam duas vezes acima da capacidade nesta terça-feira, dia 6. O Hospital de Clinicas opera com 239% de ocupação, com 110 leitos ocupados para 46 operacionais. Santa Casa registra 214% de ocupação na emergência adulto, com 60 leitos ocupados e 28 operacionais. O Hospital São Lucas PUCRS opera com 250% na emergência adulto, com 25 ocupados e 10 operacionais.

Já o Hospital Conceição registra 173% da emergência adulto, com 88 ocupados e 51 operacionais, e 136% na pediatria. Entre os hospitais especializados, o Instituto de Cardiologia registra 290% de ocupação, com 29 ocupados e 10 operacionais, e o Hospital de Pronto Socorro registra 100%.

As unidades de pronto atendimento também operavam acima da capacidade e com horas de espera no atendimento, segundo relatos de pacientes. A unidade Moacyr Scliar, na zona Norte da Capital, registra 324% de lotação. Nessa unidade, 31% dos pacientes são de fora de Porto Alegre. A unidade Bom Jesus operava com 269%, sendo os leitos adultos com 414,29% de lotação. Na Cruzeiro do Sul, a ocupação estava em 178%, e na unidade da Lomba do Pinheiro, 150%. Em todas as unidades, exceto na Cruzeiro do Sul, a principal causa era respiratória.

Na unidade Bom Jesus, Camila Vitória Machado, de 28 anos, estava há quatro horas esperando atendimento. “Até agora não me chamaram. Estou com dor nas costas, garganta infeccionada, não sei se estou com dengue. Se tiver que tomar medicação, vou ter que esperar mais ainda. Tem as mesmas senhas sendo chamadas o tempo todo. Uma senhora precisou passar mal para ser atendida”, disse. Erica Borges acompanhava Daniela Machado, outra paciente, que estava há 24 horas sem comer nada, pois passava mal. “Tive que ir reclamar para ter o atendimento, pediram para esperar. Esperam as pessoas desmaiarem para poder atender, é um descaso”, diz Erica”.

A Secretaria Municipal da Saúde afirmou, em nota, que mais de 42% dos pacientes internados nos leitos hospitalares vêm de outras cidades, “sem a devida contrarreferência estadual, o que significa que não há mais margem para absorver a crescente demanda. Doenças do sistema respiratório são as principais causas de internação, com 354 pacientes internados hoje, sendo adultos e crianças”.

Devido à superlotação, há restrição parcial nas emergências dos hospitais Santa Casa e Hospital São Lucas, válida para casos urgentes, conforme o Protocolo de Manchester. Em nota, a pasta salientou que “o giro de leitos tornou-se extremamente difícil, pois a capacidade hospitalar está esgotada, com pacientes internados além do limite físico e operacional das instituições”.

A média de espera nos três prontos atendimentos da capital gira em torno de três horas, com principais demandas de casos sintomáticos respiratórios, gástricos e cardiológicos. A pasta observa aumento na procura por leitos pediátricos, e afirma que mais de 80% das demandas são casos leves, que podem ser atendidos em unidades básicas de saúde.

Hospitais privados

Entre os hospitais privados de Porto Alegre, o Serviço de Emergência Adulto do Hospital Moinhos de Vento está com ocupação de 86,44%, com 46 pacientes internados. Na sexta-feira, a ocupação estava em 113,56%, com 39 pacientes internados. Segundo a assessoria da instituição, a procura pelo atendimento de emergência permanece “dentro da normalidade, sem aumento expressivo de demanda”.

O hospital adota protocolos específicos para garantir a qualidade da assistência, mesmo em períodos de alta ocupação, como a ampliação da rede de atendimento conforme a classificação de risco, a priorização de pacientes graves, a integração com serviços de telemedicina para acompanhamento pós-alta e a disponibilização de exames e ambulatórios de baixa complexidade para os casos de menor gravidade. O hospital ainda orienta que a emergência seja procurada apenas em situações de urgência, emergência ou alta complexidade.

No Hospital Mãe de Deus, a ocupação de leitos de emergência nesta manhã estava em 44,4%. O Hospital Ernesto Dornelles não divulgou a taxa de ocupação até o fechamento desta reportagem.