Assinatura de contrato para concessão do Cais Mauá, em Porto Alegre, segue sem data para acontecer

Enchentes atrasaram processo de revitalização, que já tem consórcio vencedor desde antes das inundações do ano passado

Cais Mauá | Foto: Camila Cunha - CP

Um ano depois das águas da enchente começarem a invadir Porto Alegre, um local simbólico do Centro Histórico atingido pela água segue em estado de impasse sobre seu futuro. O contrato de concessão do Cais Mauá, embora com vencedor definido desde antes das inundações, a partir do leilão do Cais Mauá realizado em fevereiro do ano passado na B3, em São Paulo, com a presença do governador Eduardo Leite, não teve a assinatura desde então, e não há previsão para isto no curto prazo, devido às próprias inundações históricas.

Enquanto isso, o cais, que deverá ser revitalizado, recebeu eventos como o South Summit Brazil, em abril, e o receberá novamente no ano que vem. Há mudanças mais visíveis no muro de concreto armado que separa o cais da avenida Mauá, com três metros de altura e 2,6 quilômetros de comprimento, construído na década de 1970.

Ele ganhou novas placas de publicidade e ajardinamento, e ainda tem visto suas comportas do mesmo sistema de proteção contra cheias serem movimentadas ao longo do tempo. O contrato referente ao cais inclui ainda a retirada de parte da estrutura do muro, além da implantação de barreiras fixas e removíveis para justamente evitar cheias, propostas estas aprovadas meses antes das inundações de 2024. De lá para cá, as mudanças foram visíveis.

A própria Secretaria Estadual de Parcerias e Concessões (Separ), responsável pela elaboração do contrato, mudou de nome no contexto das enchentes para Secretaria da Reconstrução Gaúcha, o que, em tese, denotou a mudança de prioridades da pasta. O leilão em si teve apenas uma proposta no certame, do consórcio Pulsa RS, que, ao vencer, deverá obter o direito de administrar o local pelo período de 30 anos, e realizar investimentos previstos de R$ 353,3 milhões.

A Secretaria da Reconstrução, por meio de sua assessoria, disse que qualquer possível alteração no muro estava atrelada a novas medidas de proteção contra cheias promovidas na concessão. “Mesmo com os novos sistemas de proteção, instalados antes dos armazéns, a possível retirada do muro só aconteceria com a análise e o aval dos órgãos responsáveis”, afirmou a pasta. Enquanto isso, o que será feito com a estrutura é ainda uma incógnita.

Técnicos do governo da Holanda que estiveram em Porto Alegre após as enchentes sugeriram, inclusive, um novo muro em cujo topo haveria sacos de areia, que seriam realocados conforme houvesse necessidade, por exemplo, em uma situação de emergência. A ideia seria replicar aqui algo já existente na própria Holanda e em locais onde a atuação dos europeus trouxe resultados, como na Tailândia, no Sudeste Asiático, conforme as autoridades holandesas.