A política tarifária imposta pelo governo Trump, o problema das contas públicas que provocam aumento da inflação e dos juros no Brasil, e a estiagem que afeta o Rio Grande do Sul depois das enchentes de 2024, vão impactar o crescimento econômico do país e do RS em 2025. É este o novo cenário apontado pela Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (FIERGS), elaborado pela Unidade de Estudos Econômicos (UEE), de posse dos dados já observados nos primeiros meses do ano e munida de informações que a nova conjuntura oferece.
“Diferentes elementos surgiram desde o final do ano passado, fazendo com que a incerteza quanto ao futuro da economia aumentasse de forma considerável”, afirma o presidente da FIERGS, Claudio Bier.
Para o Rio Grande do Sul, a FIERGS estima uma forte redução na alta do PIB, passando de 3,3% para 2,2%, em razão principalmente da revisão no desempenho esperado da agropecuária, que teve uma inversão completa. Pela projeção anterior, cresceria 2,1%. Agora, a previsão é por uma queda de 5,2%. No setor de serviços, a projeção foi modificada de 3,5% para 2,8%, em função dos resultados negativos registrados nos primeiros meses de 2025.
Já para a indústria, a expectativa pouco se alterou, com a projeção de aumento passando de 3,2% para 3,1%. Será apoiada na recuperação dos segmentos ligados à reconstrução e na baixa base de comparação de 2024. A produção industrial gaúcha cresceu 3,5% no primeiro bimestre de 2025 frente ao mesmo período do ano passado. As exportações não devem ser um grande vetor de crescimento da indústria gaúcha, fechando o ano em US$ 16,1 bilhões, patamar próximo ao verificado em 2024.
CENÁRIO NACIONAL
No cenário nacional, é esperada uma desaceleração no avanço da atividade econômica em relação a 2024. A economia segue impactada pela instabilidade no cenário internacional, pela política monetária restritiva e inflação persistente, mas principalmente pela elevada incerteza nas contas públicas. A projeção para o crescimento do PIB no Brasil em 2025, porém, continua mantida em 2,1%, mas apenas com ajustes na composição setorial.
A elevação da agropecuária, por exemplo, passou de 5,3% para 5,5%, por conta da safra recorde de grãos a ser confirmada. A indústria nacional, por sua vez, teve sua projeção reduzida de 1,7% para 1,4%. Contribui para isso, a desaceleração observada nos bens de consumo não duráveis. No setor de serviços, a alta passou de 2,1% para 2%. A projeção de geração de empregos formais foi mantida acima de 1 milhão de postos de trabalho e a taxa de desemprego não deve subir de forma considerável.
Como consequência de um quadro fiscal desajustado, a inflação e o juros devem continuar elevados ao final de 2025, com projeção de fechamento do IPCA em 5,4%, e do INPC em 5,3%, ambos acima das estimativas feitas no final de 2024, de 4,3% e 4,5%, respectivamente. Quanto à taxa básica de juros, a estimativa para o Brasil é de mais uma alta de 0,50 ponto percentual, levando a Selic para 14,75% no ano e a manutenção nesse patamar até o fim de 2025.