O início de 2025 trouxe uma piora significativa nas condições financeiras da indústria da Construção, que resulta na retração do setor. A Sondagem Indústria da Construção (SIC) mostra aumento na insatisfação com o lucro operacional e com a situação financeira, enquanto o Índice de Confiança do Empresário da Construção caiu 2,4 pontos, de 49,6 pontos para 47,2 pontos. Para os empresários do setor, as altas taxas de juros, a elevada carga tributária e a falta ou alto custo de trabalhador qualificado foram os principais problemas do primeiro trimestre de 2025.
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) consultou 316 empresas de pequeno, médio e grande portes, entre 1º e 10 de abril. A pesquisa, divulgada nesta segunda-feira, 28, é realizada em parceria com a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).
Comparando com o 4º trimestre de 2024, os dados do 1º trimestre de 2025 mostram que:
- O índice de satisfação com o lucro operacional caiu de 44,8 para 42,8 pontos.
- O índice de satisfação com a situação financeira também recuou, de 49 para 46,4 pontos.
- O índice de facilidade de acesso ao crédito caiu para 37,4 pontos (recuo de 0,3 ponto).
- O índice de evolução dos preços de insumos subiu para 64,6 pontos, apontando aceleração nos custos de produção.
“A indústria da construção é diretamente impactada pela alta da Selic. Como fica mais difícil acessar financiamento para a compra de imóveis, a demanda diminui. Esse movimento chega até a produção, pois a indústria também sente os reflexos dos juros para financiar a compra de insumos, então há um efeito em cadeia”, avalia o gerente de Análise Econômica da CNI, Marcelo Azevedo.
JUROS
As taxas de juros elevadas seguem como o principal obstáculo, apontadas por 35,3% dos empresários, 1,2 ponto percentual a mais que no trimestre anterior. Em seguida aparecem carga tributária elevada (27,8%) e falta ou alto custo de mão de obra qualificada (27,1%). Também se destacaram a demanda interna insuficiente, que saltou da 7ª para a 4ª posição, e a falta de capital de giro, que subiu da 8ª para a 6ª posição.
Em março de 2025, o índice de evolução do nível de atividade subiu para 47,2 pontos, ainda inferior a março de 2024 (48,4). O emprego se manteve praticamente estável, em 48,1 pontos. A Utilização da Capacidade Operacional (UCO) ficou em 67%, sem alteração há cinco meses.
Com a mudanças nos principais problemas e a situação financeira afetada, as expectativas para os próximos seis meses perderam força: todos os índices de expectativa recuaram em abril, embora ainda se mantenham acima dos 50 pontos. A intenção de investir, por sua vez, caiu para 41 pontos e é o menor valor desde março de 2024.