Melhora no saldo comercial de março com a volta do superávit com a China, avalia FGV

ICOMEX de março retrata os efeitos adversos sobre as decisões de Donald Trump

Crédito: Abicalçados

O saldo da balança comercial de março foi de US$ 8,2 bilhões, um bilhão maior do que igual período de 2024. Contribuiu para esse resultado, o superávit com a China de US$ 4,2 bilhões, após dois meses consecutivos de déficits. No acumulado até março, porém, o superávit de 2025 (US$ 10,0 bilhões) foi inferior ao de igual período em 2024 (US$ 18,5 bilhões). Os dados constam do ICOMEX divulgado nesta terça-feira, 15, pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV/Ibre).

Entre os meses de março de 2024 e 2025, o valor aumentou 5,5%, liderado pelo crescimento do volume em 5,1%. No entanto, esse aumento não compensou a queda no mês de janeiro e o crescimento de 0,9% em fevereiro, entre 2024 e 2025. Assim, na comparação entre as variações entre o primeiro trimestre de 2024 com o de 2023 e do primeiro trimestre de 2025 com o de 2024, é observada a redução na variação do volume. Essa passou de um aumento de 6,3% (2024/2023) para um aumento de 1,4% (2025/2024). Esse resultado levou a um recuo de 0,5% no valor exportado em 2025. Os preços caem em ambas as comparações, mas a diferença é menos marcante do que entre os volumes.

Nas importações, há aumentos no volume, de 3,0%, e no valor, de 2,6%, entre os meses de março de 2024 e 2025. E na comparação interanual do primeiro trimestre, o volume importado cresceu 17,0% em 2025 e 8,2%, em 2024. Porém, que os dados de importações foram impactados pelas compras de plataformas flutuantes em fevereiro, que levou a um aumento de 33,5% em relação a fevereiro de 2024. O aumento de bens de capital nesse mês foi de 127,2%.

AUMENTO DO VOLUME

As commodities explicaram 67% das exportações brasileiras em março e registraram aumento de 2,6% em volume, com queda de preços em 1,2%. As exportações de não commodities aumentaram 11,5%, com aumento de preços de 3,3%. Como mostra o Gráfico 3, na comparação dos primeiros trimestres de 2024 e 2025, a liderança é das exportações de não commodities, enquanto as commodities experimentam recuos no volume, de 2,2%, e nos preços, de 4,2%.

Enquanto no ano passado as commodities lideravam as exportações acompanhadas de recuo nas vendas de não commodities, esse ano o comportamento se inverteu: liderança das não commodities e recuo das commodities. A análise por setor de atividade do volume exportado (Gráfico 5) mostra aumento no volume da agropecuária (+14,4%), queda na extrativa (-11,3%) e aumento na transformação (+8,7%). Na comparação dos trimestres, a transformação lidera (+5,4%), seguida da agro (+2,9%) e recuo na extrativa (-8,6%).

A melhora no desempenho da agropecuária em relação aos meses de janeiro e fevereiro de 2025 está associada às exportações de soja, que cresceram em volume 16,5% e explicaram 70% das exportações da agropecuária, em março. No caso da extrativa, o petróleo bruto explicou 52,7% das vendas do setor em março e registrou recuos em valor, de 20,3%, de volume, de 25,5% e aumento de 7,0% no preço. O minério de ferro, com participação de 37,1%, recuou em valor 16,5%, aumentou o volume em 7,9%, mas os preços caíram 22,6%.

CARNE BOVINA

Na indústria de transformação, as exportações de carne bovina, com participação de 6,9% no total exportado pelo setor, aumentaram 40,1%, em valor e 29,6%, em volume, entre os meses de março de 2024 e 2025. O segundo principal produto foi o óleo combustível (6,6% de participação), com crescimento de 13,2% (valor) e 20,6% (volume), e o terceiro, a celulose (participação de 6,4%), registrou aumentos de 25,4% (em valor) e 28,8% (volume).

As importações por setor de atividade mostram, na comparação dos primeiros trimestres de 2024 e 2025, aumento em valor de 23,9% na agropecuária, recuo de 20,8% na extrativa e crescimento de 15,9% na transformação. Em termos de volume, a liderança é da agropecuária (+23,1%), seguida da transformação (+18,9%) e recuo na extrativa (-12,6%).

Na comparação interanual do mês de março, o mesmo comportamento se repete, mas com percentuais menores de variação para a agropecuária (+18,2%), para a transformação (+4,8%) e maior variação para a extrativa (-26,3%).

As perspectivas para a balança comercial em 2025 ainda dependem de um maior esclarecimento do cenário que irá prevalecer. Ganhos, se o Brasil tiver, seriam na área de agropecuária. Na transformação, se os países asiáticos, exceto China, continuaram com tarifas de 10%, os ganhos de calçados, vestuário, muitas vezes citados, podem não ocorrer.