Na última semana, a notícia sobre a possível saída de Beatriz Araujo da Secretaria da Cultura do Rio Grande do Sul (Sedac) começou a circular. Diante ao cenário que Eduardo Loureiro (PDT) possa assumir a pasta, a comunidade artística do Estado tem se mobilizado, com manifestos contrários à mudança. Os documentos de manifesto devem chegar às mãos do governador esta tarde. A nova aquisição para o cargo, que Beatriz ocupa desde 2019, faz parte de uma reforma que vem sendo implementada por Eduardo Leite (PSDB) aos poucos.
Na sexta-feira, 11, a petição pública “Fica Beatriz Araujo – Cultura não é moeda de troca” vem angariando assinaturas. Até o momento da publicação desta matéria, o documento conta com 492 apoios. O texto ressalta a trajetória da secretária e pede “que seja assegurada a continuidade do trabalho exemplar da Secretária Beatriz Araujo na Secretaria da Cultura, garantindo a manutenção e o fortalecimento das políticas públicas culturais que tanto têm contribuído para o desenvolvimento de nossa identidade, de nossa economia e da nossa convivência social”. Por enquanto, ainda não houve resposta à comunidade artística por parte do Governo do Estado.
O produtor cultural Ralfe Cardoso, que faz parte da mobilização da classe artística, ressalta que o abaixo assinado não é “uma batalha contra algum eventual sucessor na Sedac, desejamos é que o trabalho em curso tenha a oportunidade de ser ampliado e finalizado da maneira justa e correta”.
Na manhã desta segunda-feira, dia 14, ocorreu a recepção de Beatriz na sede da Sedac. Um dos participantes, que preferiu não ser identificado, afirmou que a recepção “lotou os corredores da Secretaria para demonstrar força e reconhecimento à ela”.
Na tarde de hoje os organizadores, que totalizam mais de 500 participantes em um grupo do WhatsApp, pretendem entregar três documentos para Leite. Entre eles duas petições, uma é a que está publicada no site Petição Pública (referida acima) e a outra é o “Manifesto em Defesa da Cultura Gaúcha e da Permanência de Beatriz Araujo à Frente da Secretaria da Cultura do Estado do Rio Grande do Sul”, que contém assinaturas de todos o país, entre artistas, produtores, técnicos e gestores de cultura, como Cida Herok, Adriana Sperandir, Luciano Alabarse, Liliana Cardoso, Leo Ribeiro de Souza, Hique Gomez, Grazi Pires, Ana Fagundes, Arthur de Faria, Gabriela Meindrad e Antônio Borges Cunha.
O terceiro documento, é a carta de apoio assinada pelos Conselheiros Estaduais de Cultura do Rio Grande do Sul. O texto reforça a importância do trabalho de Beatriz Araújo na cultura: “Com sensibilidade, escuta ativa e diálogo constante com os agentes culturais, a secretária Beatriz Araujo liderou avanços fundamentais na valorização dos fazeres artísticos, no fomento à produção cultural em todas as regiões e na construção de uma política pública inclusiva e democrática”.
Outras entidades e agentes culturais se manifestaram. No sábado, dia 12, representantes do Sindicato da Indústria Audiovisual do Rio Grande do Sul (Siav) publicaram carta aberta defendendo a permanência de Beatriz Araujo. Segundo o texto, nos últimos seis anos, muitos foram os desafios enfrentados pelos diversos segmentos culturais gaúchos, entre eles a paralisação da Agência Nacional do Cinema (Ancine), a pandemia e as enchentes no RS. “Durante todo este período difícil, graças à postura atenta e comprometida da Secretária Beatriz Araujo, foi possível evoluirmos para a consolidação de um canal aberto de escuta com propósito de alinhamento de pautas e definição de prioridades”, diz o texto.
Além da mobilização, outras pessoas publicaram, em suas redes sociais, mensagens de apoio à permanência de Beatriz na Cultura. Entre eles, os músicos Kleiton e Kledir, a diretora da Biblioteca Pública do Rio Grande do Sul Ana Maria de Souza, a Associação dos Músicos do Rio Grande do Sul e a Diretora Artística da Fundação Theatro São Pedro Gabriela Munhoz.
