Servidores de Porto Alegre decidem encerrar greve após 12 dias de paralisação

Decisão de suspender as paralisações ocorreram após reunião de 3h30min com o prefeito Sebastião Melo e representantes do governo

Municipários protestaram em frente ao Centro Administrativo Municipal durante negociações | Foto: Diego Nuñez/Especial/CP

Após reunião de 3h30min entre o prefeito Sebastião Melo (MDB), representantes da prefeitura e o Sindicato dos Municipários de Porto Alegre (Simpa), os servidores decidiram, em assembleia geral, pelo fim da greve, que já durava 12 dias. Apesar de considerarem insuficiente a proposta de reajuste, pesou na decisão dos funcionários públicos a promessa de abono do ponto para os dias de paralisação.

Após horas de negociação e pressão dos municipários, o Executivo apresentou proposta de reajuste salarial na ordem de 4,83%. Porém, a reposição será escalonada: 1% em setembro, 1,75% em dezembro, 1% em fevereiro de 2026 e o restante do valor em abril. O formato de reposição irritou os grevistas, que protestavam na frente do Centro Administrativo Municipal durante a reunião.

Outra medida é o reajuste no Vale-Alimentação, com 5% de aumento em maio e 5% de aumento em agosto, totalizando 10%. Nem a ampliação do vale, tampouco a do salário, será retroativo.

Outra concessão feita pela prefeitura é o envio de uma mensagem retificativa que altera o projeto de lei 10/2025 para garantir a retroatividade, que atualiza a parcela de complemento dos servidores cujo vencimento básico é inferior ao salário mínimo, para garantir retroatividade para 2024.

“É insuficiente essa proposta. Não atende às nossas expectativas não só em relação à reposição da inflação, mas ao reconhecimento do governo de que o desmonte da educação, da saúde, da assistência social e do Dmae está consolidado na cidade”, afirmou a diretora-geral do Simpa, Cindi Sandri.

Apesar do sindicato considerar insuficientes as propostas, principalmente em relação à reposição parcelada. O que pesou para o fim da paralisação foi a garantia de que que o ponto dos servidores será abonado nos 12 dias de greve. O abono foi condicionado ao fim imediato da mobilização, já neste sábado.

Há o entendimento de que o ponto abonado após 12 dias de greve, mesmo depois de Melo ter se manifestado publicamente afirmando que não faria o abono, gera confiança no funcionalismo e tira o medo de sanções para possíveis futuras paralisações.

Após quase duas semanas de greve, ficou acordado que as partes voltarão à mesa de negociações em setembro. Na pauta, a reposição salarial referente ao exercício de 2023, que somou 4,62% de inflação. “O governo reconhece io índice e voltará a discutir o tema a partir de setembro, assim como avaliará a possibilidade de antecipação do calendário de reposição referente ao ano de 2024 quanto às parcelas estendidas para 2026, considerando o comportamento da receita líquida”, afirma a proposta da prefeitura assinada pelos secretários André Coronel (Secretaria-Geral do Governo) e Cassiá Carpes (Administração e Patrimônio).

Melo, apesar de participar das primeiras duas horas do encontro, se retirou antes do final para atender outros compromissos.