Mercado sinaliza IPCA próximo dos 0,54% em março

Já na base anual, indicador deve subir de 5,06% para 5,4%.

Crédito: Freepick

A expectativa dos analistas de mercado é de que o anúncio, nesta sexta-feira, 11, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de março desacelere na base mensal, mas com elevação no acumulado de 12 meses. A mediana do mercado é de alta de 0,54% no mês passado, contra 1,31% registrado em fevereiro e menor do que o indicador na prévia deste mês (0,64%). Já na base anual deve subir de 5,06% para 5,4%.

A desaceleração na base mensal ocorre devido à saída do cálculo da reversão do bônus de Itaipu na conta de eletricidade e do reajuste nas matrículas escolares. Porém, a disseminação de alta deve continuar elevada, com pressão no preço dos alimentos e no núcleo de serviços na base anual.

“O resultado deve manter a alta da taxa Selic na próxima reunião do Copom em maio, confirmando a sinalização do colegiado no último encontro. Sem especificar o tamanho da alta, é provável que o Copom eleve a taxa Selic em meio ponto percentual, para 14,75%”, diz Leandro Manzoni, analista de economia da plataforma Investing.com.

Segundo ele, o IPCA de março deve manter o balanço de risco altista para a inflação na avaliação do Comitê de Política Monetária (Copom). Entretanto, há uma expectativa de alta para o IPCA de abril, principalmente nos alimentos, e isso indica uma inflação acima da meta, tendo diversas implicações para a economia brasileira, como uma política monetária restritiva.

GRUPO HABITAÇÃO

Para a equipe econômica do Banrisul, a expectativa de alta mensal chega a +0,57%, taxa inferior à registrada em fevereiro (+1,31%), e um acumulado em 12 meses de 5,52%. O cenário, segundo a equipe é que  o grupo Habitação deverá apresentar uma desaceleração, passando de +4,44% em fevereiro para +0,32% em março, principalmente por conta da normalização do preço da energia elétrica residencial.

“Adicionalmente, deve haver uma relevante descompressão da alta sazonal dos preços do grupo Educação, que deve passar de+4,70% em fevereiro para +0,06% em março, uma vez que os principais reajustes anuais em cursos regulares e cursos diversos terão ficado para trás. Em sentido contrário, destaque para a relevante aceleração de Alimentação e bebidas, de +0,70% para +1,03%, pelas altas de Farinhas, féculas e massas, Tubérculos, raízes e legumes, Açúcares e derivados, Hortaliças e verduras, Frutas, Leites e derivados, Enlatados e conservas e do subgrupo Alimentação fora do domicílio. De toda forma, este comportamento dos preços não deve alterar o fato de que o Copom dará prosseguimento ao atual ciclo de aumento da taxa Selic que, em nossa opinião, deve alcançar 15% ao ano na reunião de junho, patamar que deve ser mantido até próximo do final de 2025”, diz a análise da equipe do banco.

INVESTIMENTOS

“Já estamos vendo, com o Banco Central aumentando a taxa Selic nas reuniões do Copom, o que encarece o crédito e pode desacelerar o consumos e investimentos, impactando o crescimento econômico, além de com uma inflação elevada as camadas da população com menor renda são mais afetadas”, disse Jeff Patzlaff, planejador financeiro e especialista em investimentos

A incerteza quanto ao controle da inflação pode desestimular investimentos com prazos maiores e mais arriscados, como em ações por exemplo, ou títulos com prazos a cima de 10 anos, devido ao ambiente econômico imprevisível, muito contratos e salários são reajustados com base no IPCA, e uma inflação mais alta pode levar a aumentos salariais e de custos em diversos setores, alimentando um ciclo inflacionário e de desemprego.

“Por fim, não podemos esquecer também do que está acontecendo no cenário internacional, o tarifaço do Trump está mexendo com muitos países, e o Brasil está incluso, todo essa movimento corrobora para um cenário de inflação mundial”, comentou ele.