A inflação do país ficou em 0,56% em março, após registrar 1,31% no mês anterior, a maior variação para o mês desde 2003. Todos os grupos de produtos e serviços tiveram alta no mês, com destaque para Alimentação e bebidas, que acelerou de 0,70% para 1,17%, com impacto de 0,25 ponto percentual no índice geral. O acumulado dos últimos 12 meses passou para 5,48% em março, acima dos 5,06% do mês anterior. No ano, o IPCA acumula alta de 2,04%. Em março de 2024, a variação havia sido de 0,16%.
Os dados são do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado nesta sexta-feira, 11, pelo IBGE. Em Porto Alegre o indicador registrou uma variação de 0,76% em função de aumentos como do grupo Alimentação, com alta de 1,72%. Mas os preços dos combustíveis, em especial da gasolina, representaram o maior impacto na capital gaúcha, com variação de 2,43% no período.
O grupo Alimentação e bebidas respondeu por 45% do índice do mês. As principais altas foram no tomate (22,55%), café moído (8,14%) e ovo de galinha (13,13%), que juntos responderam por ¼ da inflação de março. O café moído já acumula uma alta de 77,78% nos últimos 12 meses.
“Para o tomate, com o calor dos meses de verão, houve uma aceleração na maturação, levando a antecipação da colheita em algumas praças. Sem essas áreas de colheita em março, houve uma redução na oferta, trazendo pressão de alta sobre os preços. Para os ovos, houve aumento por conta do custo do milho, base da ração das aves, além de estarmos no período de quaresma, com maior demanda por essa proteína”, explica Fernando Gonçalves, gerente da pesquisa.
Já o café moído acumula uma alta de 77,78% nos últimos 12 meses, “impulsionada pelo aumento do preço no mercado internacional dada a redução de oferta do grão em escala mundial, com a quebra de safra no Vietnã devido a adversidades climáticas, as quais também prejudicaram a produção interna”, destaca o gerente.
O grupo Transportes, com variação de 0,46%, teve o segundo maior impacto (0,09 ponto percentual) em março, mas desacelerou em relação a fevereiro (0,61%). O resultado foi influenciado pelo aumento da passagem aérea, que registrou o terceiro maior impacto individual no índice, ao passar de -20,46 em fevereiro para 6,91% em março.
Por outro lado, os combustíveis (0,46%), desaceleraram em relação ao mês de fevereiro (2,89%). A gasolina variou 0,51% ante os 2,78% do mês anterior, o óleo diesel 0,33% ante 4,35% e o etanol 0,16% ante 3,62%. Já o gás veicular acelerou de -0,52% em fevereiro para 0,23% em março. Destaca-se, ainda, no grupo dos transportes, a redução de 1,09% nos ônibus urbano, que comtempla o reajuste em tarifas de Porto Alegra e reduções e gratuidades, aos domingos e feriados, em Curitiba e Brasília, respectivamente.
O terceiro maior impacto (0,07 ponto percentual) e segunda maior variação veio de Despesas pessoais, que passou de 0,13% em fevereiro para 0,70% em março. “A aceleração em relação a fevereiro foi puxada pelo subitem cinema, teatro e concertos (7,76%), com o fim da semana do cinema que, deu descontos nos ingressos em fevereiro”, explica o gerente.
Já o grupo Habitação, que havia subido 4,44% em fevereiro, passou para 0,24% em março. A energia elétrica residencial, subitem de maior peso no grupo, desacelerou dos 16,80% do mês anterior para 0,12% em março. “Compõem essa variação o reajuste em uma das concessionárias do Rio de Janeiro e aumentos e reduções nas alíquotas de Pis/Cofins das concessionárias”, explica Gonçalves.
Também desaceleraram de fevereiro para março os grupos Artigos de residência (de 0,44% para 0,13%), Saúde e cuidados pessoais (0,49% para 0,43%) e Educação (4,70% para 0,10%), enquanto Vestuário (0,00% para 0,59%) e Comunicação (0,17% para 0,24%) registraram aceleração nos preços.
No agregado especial de serviços, o IPCA passou de 0,82% em fevereiro para 0,62% em março e o agregado de preços monitorados, ou seja, controlados pelo governo, passou de 3,16% para 0,18%. Quanto aos índices regionais, a maior variação (0,76%) ocorreu em Curitiba e Porto Alegre por conta da alta da gasolina (1,84% e 2,43%, respectivamente). A menor variação ocorreu em Rio Branco (0,27%) em razão da queda nas passagens aéreas (16,01%) e, em Brasília (0,27%) com a redução de 24,18% no ônibus urbano.