Ministério da Saúde anuncia ações contra a dengue em 80 municípios prioritários; RS fica de fora da lista

Em situação de emergência pela doença, Viamão já recebeu apoio do governo federal

Ministro Alexandre Padilha destacou redução de casos em relação a 2024 | Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil/CP

Para reduzir casos graves e óbitos em decorrência da dengue, o Ministério da Saúde anunciou, nesta terça-feira, 8, novas ações de enfrentamento à doença, em apoio a estados e municípios. O foco inicial é em 80 cidades prioritárias, onde a situação é mais crítica. São municípios com alta transmissão da doença ou número de casos em ascensão e com mais de 100 mil habitantes. Não há cidades gaúchas na lista divulgada pela pasta.

Já no primeiro momento, a Força Nacional do SUS vai atender a essas cidades com até 150 centros de hidratação com até 100 leitos cada. O investimento total será de R$ 300 milhões. Esses espaços são destinados ao acolhimento e à hidratação – oral ou venosa – de pacientes com dengue, para evitar agravamentos e internações. Os equipamentos podem ser instalados em UBS ou UPA, em espaços adaptáveis como auditórios, bibliotecas, refeitórios ou em estruturas temporárias como tendas, contêineres e galpões.

Mesmo de fora da lista, o município de Viamão, que decretou emergência em função do aumento dos casos da doenças, já recebeu suporte da Força Nacional do SUS. O grupo realizou mais de 3,6 mil atendimentos em diversas cidades dos estados de São Paulo, Amapá, Pará, Acre e Mato Grosso.

As cidades prioritárias também vão receber apoio do Ministério da Saúde para elaborar estratégia de expansão da cobertura vacinal, com ações como busca ativa de não vacinados, monitoramento dos estoques e garantia do abastecimento. Além disso, 16 cidades passarão a ofertar a vacina da dengue pela primeira vez.

Dos 80 municípios prioritários, 55 são de São Paulo, 14 do Paraná e 11 dos estados da Bahia, Goiás, Rio Grande do Norte, Acre e Pará, abarcando todas as regiões do país. Do total de casos no Brasil, 73% estão concentrados em São Paulo, Minas Gerais e Paraná; e esses mesmos estados concentram 86% dos óbitos. Essa lista estará constantemente em revisão, para a inclusão de mais cidades, se necessário.

Ministro destaca redução de casos

O ministro Alexandre Padilha ressaltou a significativa redução dos casos de dengue em 2025, em comparação com 2024. Em 2025, até 29 de março, o Brasil registrou queda de 75% no número de casos e 83% nos óbitos por dengue quando comparado com o mesmo período no ano anterior.

“Diante desse cenário, estamos priorizando a atuação em 80 municípios onde hoje há maior pressão sobre os serviços de saúde. Estamos preparados para apoiar com reorganização da rede assistencial e foco na redução de casos graves e óbitos. A Força Nacional do SUS está à disposição desses municípios”, declarou.

“Nosso segundo foco é garantir que os demais estados e municípios do país não baixem a guarda. A redução de casos e óbitos não é motivo para interromper a vigilância, a mobilização e o acolhimento das ações. Já atendemos 100% das demandas por insumos feitas por estados e municípios e vamos continuar vigilantes”, complementou Padilha.

Mortes por dengue são evitáveis

Os Agentes Comunitários de Saúde terão um novo guia com orientações para a busca ativa de pessoas com sintomas e que não se vacinaram, além de demais ações preventivas.

“Com as vacinas disponíveis hoje, sabemos que a dengue pode ser uma doença grave. Por isso, estamos lançando quatro diretrizes fundamentais para garantir assistência rápida, evitar agravamentos e, principalmente, óbitos”, afirmou a secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde, Mariângela Simão. “O que mais nos preocupa neste momento são os óbitos. Como médica, afirmo: todo óbito por dengue, em princípio, é evitável. Tivemos uma redução no número de mortes em comparação ao mesmo período de 2023 — foram 2.500 óbitos a menos no primeiro trimestre —, mas ainda assim já somamos 430 mortes confirmadas neste ano. Desses, 305 ocorreram em São Paulo, 34 no Paraná e 32 em Minas Gerais”, destacou Mariângela.

Até o final de abril, a pasta vai lançar Campanha Nacional de Prevenção e Combate às Arboviroses em 100% dos estados, com o foco em alcançar 80% da população em todo o território nacional.