Durante entrevista coletiva realizada no Centro Integrado de Comando da Cidade (Ceic) de Porto Alegre, o prefeito Sebastião Melo informou sobre os reflexos que a Capital tem registrado após a passagem de um temporal no final da tarde desta segunda-feira. Segundo Melo, o foco das equipes é trabalhar para retomar a normalidade na Capital, principalmente com a retirada de árvores e galhos, além do atendimento a imóveis com destelhamento.
Na conversa com a imprensa, Melo ressaltou que, ao longo das próximas horas, poderá definir por assinar ou não um decreto de situação de emergência, assim como a decisão sobre a manutenção das aulas da rede municipal. “Eu não tenho razão nesse momento para poder dizer que as aulas estão suspensas. Também não há motivo para dizer se vou decretar situação de emergência. Tudo isso será analisado durante a noite para que seja feito algo com muita tranquilidade. O importante é a força total para retomar a cidade”, afirmou.
Melo também informou ter contatado o presidente da CEEE Equatorial, Riberto Barbanera, e que ainda não há previsão para a retomada da energia elétrica nos bairros desabastecidos nesta noite. “Nós somos um dos principais clientes da CEEE. Quando falta energia, prejudica todo mundo, inclusive os serviços da prefeitura, pois não há bombeamento ou tratamento de água”, completou o prefeito, citando a falta de energia em cinco das seis estações de captação de água de Porto Alegre, que pode refletir no desabastecimento nas próximas horas.
Na região central, vários pontos estavam desabastecidos. Uma das explicações estava na rua Washington Luiz, onde bombeiros trabalhavam para apagar incêndio na fiação elétrica. Maior parte da rua ficou sem energia, assim como trechos da rua Fernando Machado e Demétrio Ribeiro. Há vários pontos com galhos na rede.
O prefeito afirmou que o governador Eduardo Leite colocou à disposição a atuação de policiais da Brigada Militar e do Corpo de Bombeiros para auxiliar na organização do trânsito e na desobstrução dos galhos e árvores que caíram em Porto Alegre durante o temporal. “O esforço vai ser coletivo e vamos trabalhar a noite toda. Não se arreda o pé até que a última árvore seja retirada e que a cidade volte à normalidade”, acrescentou.
Melo também explicou que o gerador que deveria entrar em operação na casa de bombas de número 16, no bairro Praia de Belas, em caso de falta de energia não funcionou. Essa situação refletiu em alagamentos na região, principalmente nas avenidas Aureliano de Figueiredo Pinto e Borges de Medeiros.
“Teve essa falha e nós vamos apurar com muita responsabilidade. Era para ter entrado em uma ligação automática e acabou não entrando. É uma empresa contratada que ainda não chegou no local. São coisas da vida. Você contrata empresas, gasta o dinheiro e, na hora que mais precisa, acaba tendo problemas. Estamos apurando e vamos resolver isso”, finalizou.
Tornado ou temporal
Ainda no início da coletiva, o prefeito utilizou os termos “ciclone” e “tornado” para se referir ao evento climático que atingiu a Capital nesta segunda-feira. Pouco após, a meteorologista Natália Pereira, que atua no Ceic, explicou que foram registradas movimentações tornádicas no Guaíba, mas que não se configuraram como um tornado na prática ao chegar em Porto Alegre. Ela cita ainda que as rajadas de vento chegaram a 118km/h no Aeroporto Internacional Salgado Filho.
“Nós emitimos um alerta às 8h50min sobre a possibilidade de temporal. Desde então, nós já sabíamos da passagem de um sistema frontal pela cidade, que foi o que aconteceu. Momentos antes da chegada da chuva, esse sistema ganhou um pouco mais de energia na atmosfera e ficou mais intenso. Nós tivemos alguns registros de uma movimentação tornádica sobre o Guaíba, mas ela não se confirmou como um tornado. Elas são comuns quando a gente tem uma massa de ar frio em contato com uma massa de ar quente”, finalizou a meteorologista.