O fim de março e o primeiro dia de abril serão menos movimentados para a agenda econômica da semana. Os três primeiros dias da semana, reservam dados mais relevantes dos PMIs Industriais e a os reflexos das decisões de Donald Trump, presidente dos Estados Unidos. Conforme ocorreu na última semana, os investidores vão monitorar o tamanho das chamadas “tarifas recíprocas” recorrentemente prometidas pelo presidente norte-americano, sob o objetivo de colocar nas importações a reciprocidade tarifária que as exportações americanas sofrem em outros mercados.
Trump afirma que a retirada futura dessas tarifas vai depender de negociações de outros países em relação às taxações que produtos americanos sofrem no exterior. Outro objetivo do presidente americano é incentivar a instalação de empresas americanas e de outros países no território de outros países, que podem se beneficiar de eventuais incentivos fiscais prometidos pelo republicano.
O anúncio dessas tarifas é esperado para quarta-feira, 2 de abril. A expectativa inicial é de tarifas generalizadas, mas há sinalizações de que alguns setores podem ficar de fora. “O ceticismo impera no mercado mesmo que apenas setores selecionados sejam tarifados, mas o anúncio de alta das alíquotas de importação sobre automóveis nesta última semana foi um balde de água fria, pois afeta a cadeia produtiva da indústria automobilística americana, dependente de importações de componentes produzidos no México e no Canadá”, comenta Leandro Manzoni, economista da plataforma Investing.com.
Com isso, receios de aceleração inflacionária imperam no mercado com as tarifas, ainda mais que o núcleo do índice de preços PCE, indicador de inflação favorito do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA), acelerou em fevereiro e veio acima das expectativas do mercado, de acordo com a divulgação nesta sexta-feira, 28, somado à deterioração da expectativa de inflação futura dos consumidores americanos.
Os discursos dos membros do Fed são favoráveis à condução da política monetária atual, com prováveis dois cortes de 0,25 ponto percentual na taxa de juros ao longo de 2025. Porém, já começam a aparecer revisões de projeções mais duras de autoridades do Fed, como de Raphael Bostic, que admitiu nesta semana que reduziu de 2 para 1 a estimativa de corte. Membro mais hawkish na visão da condução da política monetária, resta saber se a nova projeção de Bostic vai influenciar a avaliação de seus pares e se vai se confirmar nos próximos meses.
O mercado ainda prevê 3 cortes de 0,25 ponto percentual ao longo deste ano. Na sexta-feira, será divulgado o relatório de emprego do setor não-agrícola, conhecido como payroll, e outros dados relacionados ao mercado de trabalho em março nos EUA. A expectativa é de uma redução do número de vagas geradas, de 150 mil em fevereiro para 120 mil no mês passado. Os investidores vão avaliar também a taxa de desemprego, cuja estimativa é de elevação de 4,1% para 4,2%, além do número de vagas geradas ou excluídas do setor público após as demissões promovidas pelo Departamento de Eficiência Governamental (Doge, na sigla em inglês) liderado pelo bilionário Elon Musk, dono da Tesla, SpaceX e outras empresas de tecnologia.
MERCADO BRASILEIRO
No Brasil, os indicadores econômicos serão pouco movimentados. Além do tradicional Boletim Focus na segunda-feira, 31, serão conhecidos os números dos PMIs de março na terça e quarta-feiras, além da produção industrial de fevereiro também na quarta. O dado mais importante no país será a balança comercial de março na sexta-feira, 4, especialmente após o registro de déficit em fevereiro e a deterioração, na avaliação dos economistas, das Transações Correntes de fevereiro divulgadas nesta semana pelo Banco Central do Brasil.
Na segunda, a Fundação Getulio Vargas (FGV) divulga o Índice de Incerteza da Economia (IIE-Br), enquanto na terça-feira, 1º, saem o Índice de Confiança Empresarial e a quarta leitura do IPC- de março. A Fenabrave libera nesta semana a venda de veículos em março.