Entregadores e motoristas de aplicativos paralisam atividades na Região Metropolitana nesta semana

Entregadores de aplicativo paralisam atividades no começo desta semana na Capital e outros municípios | Foto: Camila Cunha/CP

Entregadores e motoristas por aplicativos se unem, nesta segunda e terça-feira, em uma série de manifestações a nível nacional contra o que consideram condições financeiras desfavoráveis por parte de companhias como empresas de entrega e transporte individual por app. Denominada Breque Nacional dos Apps, a mobilização voluntária na Região Metropolitana de Porto Alegre terá duas frentes: na segunda, às 10h, uma motociata sai em frente ao Canoas Shopping, em Canoas, na Região Metropolitana, e vai até o hub do iFood no Shopping Praia de Belas, em Porto Alegre, onde há uma representação da empresa.

De lá, eles se dirigem ao Largo Zumbi dos Palmares, no bairro Cidade Baixa, onde encontram representantes dos motoristas por aplicativos. No dia 1º, a concentração dos entregadores ocorre em frente ao shopping. Segundo o representante do coletivo Entregadores Unidos pela Base, Angel Rosseti, que tem contato com a coordenação nacional, a expectativa é de agregar no protesto 300 motociclistas, mas o número é incerto, já que há manifestações previstas em outros municípios, como Caxias do Sul e Santa Maria.

“Não temos nenhuma garantia que as leis dão aos trabalhadores. Nos organizamos há uns dois meses a nível nacional e decidimos que faríamos isto de maneira urgente”, comentou ele. No último dia 24, trabalhadores atuantes como entregadores vinculados à Rappi em Porto Alegre paralisaram suas atividades, alegando “falta de diálogo e desrespeito” pela empresa.

A diferença é que, agora, de acordo com ele, o protesto não mira apenas uma empresa, mas todas. A chegada no hub do iFood tem o objetivo de chamar a atenção da companhia que, conforme Rosseti, detém cerca de 80% do mercado de delivery no Estado. A paralisação também tem como objetivos o reajuste na taxa mínima de R$ 6,50 para R$ 10 por entrega, aumento no valor do quilômetro rodado de R$ 1,50 para R$ 2,50, limitação das rotas por bicicleta para três quilômetros e pagamento de taxas integrais por entrega.

Os motoristas por aplicativo dizem ter se unido às pautas dos motociclistas também por uma insatisfação geral. A presidente do Sindicato dos Motoristas em Transportes Privados por Aplicativos do RS (Simtrapli RS) e secretária-geral da Associação Liga dos Motoristas de Aplicativos do Rio Grande do Sul (Alma-RS), Carina Trindade, diz que, em nove anos de serviço da Uber no Rio Grande do Sul, não houve nenhum tipo de aumento na tarifa”.

“O modo como ela e demais empresas vêm trabalhando faz com que o valor do quilômetro seja cada vez menor, mesmo com os valores dos combustíveis e manutenção dos veículos cada vez mais alto. Quem trabalha com carro alugado também não tem mais condições de manter o aluguel. Achamos por bem, portanto, nos unirmos aos entregadores e fazer esta manifestação”. A reportagem teve acesso a uma manifestação do iFood enviada por e-mail aos representantes dos motociclistas. A Uber foi procurada e um retorno da empresa é aguardado.

Leia o comunicado do iFood sobre a paralisação

“Confirmamos o recebimento do e-mail e agradecemos o contato. Reforçamos que o iFood respeita o direito à manifestação e segue aberto ao diálogo.

Estamos atentos ao cenário econômico e estudando a viabilidade de um reajuste para 2025. É importante ressaltar que, nos últimos três anos, os ganhos dos entregadores foram aumentados de várias maneiras:

* 2022: Aumento do valor mínimo da rota de R$5,31 para R$6,00 e do valor mínimo do quilômetro rodado de R$1,00 para R$1,50.

* 2023: Elevação da taxa mínima de R$6,00 para R$6,50.

* 2024: Introdução de um adicional nas rotas agrupadas: R$3,00 para cada entrega extra realizada.

Quanto às rotas de bicicletas, reduzimos o raio de entrega em janeiro e padronizamos isso em todas as cidades do Brasil. Reduções adicionais poderiam resultar em uma queda na oferta para bicicletas e, consequentemente, impacto negativo nos ganhos. Vale lembrar que os entregadores podem rejeitar os pedidos sem nenhuma penalidade.

Reforçamos que o iFood segue ouvindo os entregadores e trabalhando continuamente para melhorar tanto os ganhos quanto o dia a dia desses profissionais, e de todo o ecossistema de delivery.”