Substituição e instalação de novos contêineres avança em Porto Alegre, mas alguns pontos ainda registram descarte irregular

Desde o dia 12 de março, novo sistema de coleta de resíduos atende a 19 bairros da cidade

Foto: Alex Rocha/PMPA/Divulgação

A operação do novo sistema de substituição e instalação de novos contêineres ocorre em Porto Alegre desde o dia 13 de março. Ao longo dos últimos 15 dias, dos 2.950 novos contêineres disponibilizados , já foram instalados aproximadamente 1.700 na Capital, em três modelos diferentes, segundo o Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU). Destes, 1.300 são dos resíduos orgânicos e rejeitos, similares aos utilizados na cor cinza, com tampa móvel e pedal. Dos 450 coletores metálicos, com tampa fixa e janela de abertura no formato boca de lobo, 100 já estão operando na cidade. Já os de cor verde, em modelo PEAD, destinados à coleta seletiva na área teste, 300 já foram instalados.

O formato boca de lobo está sendo testado em oito áreas da cidade, abrangendo nove bairros: Azenha, Bom Fim, Centro Histórico, Farroupilha, Floresta, Independência, Moinhos de Vento, Santana e Rio Branco. Os coletores para lixo reciclável também estão sendo instalados de forma experimental em área-teste dos bairros Centro Histórico, Cidade Baixa, Praia de Belas e Menino Deus. Já os contêineres antigos substituídos por contêineres novos estão em 19 bairros da cidade.

No Bairro Menino Deus, foi possível ver diversos novos modelos instalados, principalmente na região central. Ali, não havia lixo misturado e nem destinado nas calçadas. Porém, na rua Uruguaiana, foram encontrados entulhos, peças de madeira e até ferro de placa de sinalização em frente aos contêineres.

Algumas avenidas, como a Protásio Alves, a Osvaldo Aranha e parte da Borges de Medeiros, ainda contam com contêineres antigos. Em pontos do Centro Histórico onde ainda não ocorreu a substituição, o cenário ainda é de lixo seco, como plásticos e caixas de papelão, misturado a resíduos orgânicos, e o material avariado e vandalizado.

Um contêiner localizado na rua Voluntários da Pátria, próximo da Estação Rodoviária, que no dia 12 de março foi registrada pelo Correio do Povo sem tampa, amassada e repleta de itens descartados incorretamente, foi substituída e não havia lixo na volta.

Léia Henrique, síndica de um prédio localizado na rua dos Andradas, têm utilizado os novos contêineres para lixo orgânico recicláveis localizados na sua rua, que foram instalados no início desta semana. Ela notou que os contêineres orgânicos não estão mais tão cheios quanto antes da troca, já que agora há o coletor reciclável ao lado. O cenário não era encontrado anteriormente, antes das trocas dos coletores. “Os contêineres estavam lotados e o pessoal simplesmente jogava em volta”, relata.

Mas a síndica ainda encontra, eventualmente, lixo seco na calçada em volta dos contêineres, mesmo com o coletor de recicláveis no local. O cenário foi encontrado na tarde desta quinta-feira, dia 27, e novamente, na manhã desta sexta-feira. “O problema não são os contêineres, mas as pessoas que não sabem utilizar. Precisa de uma consciência, tem que educar as pessoas para reciclarem e colocar as coisas no devido lugar”. Ela acredita que o cenário vai continuar se repetindo, já que certos tipos de resíduos não cabem dentro do espaço destinado no contêiner. A síndica também já encontrou um catador pendurado na lixeira do reciclável, jogando o lixo seco para fora.

O que diz o DMLU

O diretor-geral do DMLU, Carlos Hundertmarker, ressalta que existem multas que podem chegar até R$ 4 mil reais para a população que realiza destinações de resíduos de forma incorreta. “É muito importante as pessoas terem a consciência ambiental de fazer a destinação correta destes resíduos”, diz. O secretário lembra que o contrato do novo sistema foi estendido, também, à contratação de equipes exclusivas para educação ambiental e também de resposta rápida, por meio de QR Code instalado nos containers, em que a população pode solicitar uma resposta rápida tanto para conserto de pedal, de tampa e de eventuais problemas, mas também para limpeza ao redor dos contêineres. “Esses contêineres verdes, bem como esses novos containers orgânicos, têm o principal objetivo de melhorar a limpeza urbana da cidade. Então as pessoas precisam ter uma consciência ainda maior para colocar resíduos orgânicos e rejeitos dentro desses contêineres”.

O diretor-geral afirma que, até o momento, o cenário é de uma melhor qualidade destes resíduos reciclados nos contêineres verdes. “A gente comemora isso porque tanto o município como as nossas unidades de triagem que recebem estes resíduos, terá uma um percentual de qualidade ainda maior”.

Questionado sobre como os novos modelos podem impactar a categoria, o diretor-geral relata que existem 17 unidades de triagem que recebem os resíduos e fazem um trabalho de reciclagem e de destinação correta destes resíduos. “O resíduo, quando ele está fora das suas residências, fora dos seus empreendimentos, são de propriedade da prefeitura de Porto Alegre. E o DMLU é o principal responsável para fazer o recolhimento de todos esses resíduos, tanto resíduos orgânicos como seletivos, recicláveis. Quanto mais as unidades de recicláveis recebem, aumenta a renda para essas unidades de triagem. A nossa relação hoje é com as nossas unidades de triagem com os catadores formais.”

A operação de substituição e instalação de novos contêineres está sendo realizada pelo Consórcio Porto Alegre Ambiental, formado pelas empresas ConeSul e RN Freitas, vencedor da concorrência pública. O valor investido é de R$ 84,5 milhões por dois anos, e que pode ser prorrogado por igual período.

Contêineres incendiados

Desde a instalação dos novos contêineres verdes para resíduos recicláveis, cinco equipamentos já foram incendiados, segundo o DMLU. A ocorrência mais recente foi registrada na madrugada desta sexta-feira, na rua José de Alencar, próximo ao número 664, no bairro Menino Deus. Na madrugada desta quinta-feira, 27, outro incidente ocorreu na rua Cícero Ahrends, em frente ao número 265, bairro Menino Deus, no mesmo local do primeiro ato de vandalismo. No sábado, 15, foi ateado fogo no primeiro contêiner disponibilizado para o endereço, que já havia sido substituído durante a semana.

Outras duas unidades foram queimadas neste sábado, 22, e aguardam a troca dos dispositivos. Uma delas estava na avenida Ipiranga, nas imediações do número 321, bairro Praia de Belas, e a outra na rua Barão de Teffé, 351, no Menino Deus.

Cada contêiner incendiado gerou um boletim de ocorrência, e a Polícia Civil está investigando os casos. O Diretor-Geral ressalta que o prejuízo de incêndios pode chegar a até R$ 100.000, somando o custo de logística, adesivação dos contêineres, reposição, manutenção e limpeza.