
O impacto da alíquota zero para imposto de importação de 11 itens alimentícios deve ser sentido no bolso dos brasileiros de forma gradual, avaliam especialistas ouvidos pelo R7. A medida, que está em vigor desde 14 de março, é uma aposta do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para tentar reduzir o preço dos alimentos, pressionados pela inflação. Entre os itens com a tarifa zerada há oito dias, estão carnes, sardinha, café torrado, café em grão, azeite de oliva, açúcar, óleo de palma, óleo de girassol, milho, massas e biscoitos.
Especialistas consultados pela reportagem ponderam que fixar um prazo para a consequente queda do custo da comida é complicado, porque o preço depende de fatores variados, como variação no câmbio e investimentos em logística.
Apesar da dificuldade em precisar uma data, a Abras (Associação Brasileira de Supermercados) crê que o impacto deve começar a ser sentido em 60 dias, já que a medida tem efeitos a médio prazo.
“Realmente, pode ajudar na redução dos preços para o consumidor, mas é uma medida de médio, não de curto prazo. É um pouco diferente, talvez para biscoitos, massas e azeites, [casos] em que já existe uma tradição de importação e um fluxo logístico”, afirmou o vice-presidente da Abras, Márcio Milan, em coletiva de imprensa na quinta (20).
Valores
O advogado tributarista Eduardo Natal explica que há outros componentes em jogo na equação do preço dos alimentos, além da questão tributária. São fatores como variação cambial, custos logísticos e margens de revenda, que também podem afetar o resultado.
“Os empresários que importam esses produtos trabalham normalmente com estoques adquiridos anteriormente, com custos já definidos, o que significa que o impacto da alíquota zero será sentido de forma gradual, à medida que os novos lotes importados com o benefício fiscal começarem a compor o preço médio praticado no mercado”, analisa Natal, que é presidente do Comitê de Transação Tributária da ABAT (Associação Brasileira da Advocacia Tributária).