O Sindicato dos Municipários de Porto Alegre (SIMPA) entrou em greve nesta quinta-feira. Recomposição salarial e ampliação dos benefícios trabalhistas são algumas das principais demandas do movimento. Além destas, outra reivindicação do manifesto se destaca das demais: o fim do projeto de concessão parcial do Dmae.
Conforme a proposta idealizada por Sebastião Melo (MDB), a água captada e tratada pelo poder público será vendida para uma concessionária, que se responsabilizará por aumentar a rede de distribuição. O tratamento do esgoto também passaria a ser incumbência da iniciativa privada.
Para a frustração dos municipários, o assunto já está bem alinhado na base. Pelo menos é isso que aponta Idenir Cecchim (MDB), líder dos aliados na Câmara Municipal de Porto Alegre. “Isso não foi nem nós que escolhemos, foi o povo”, afirmou o emedebista. De acordo com ele, o projeto foi apresentado à população, que a analisou e escolheu. A Câmara fez uma audiência pública virtual para tratar do assunto.
O vereador alega que a mudança aumentará a eficiência da rede de esgotos, que, segundo ele, tem falhado em entregar um serviço de ponta ao cidadão nos últimos anos. “Não falta verba, o problema é o tempo de espera que o setor público demanda. Eu sou empresário, sei que no privado não é assim”.
Jonas Reis (PT), por sua vez, não divide a mesma opinião. O líder da oposição tem convicção de que a medida não solucionará o problema. Na realidade, segundo ele, muito pelo contrário.
Para Jonas, a iniciativa privada visa apenas o lucro dos acionistas, algo incompatível com o caráter dos serviços essenciais. “Já concederam a energia elétrica, e estamos sofrendo por isso”, exemplificou o petista, referindo-se à privatização da CEEE.
O líder da oposição também buscou respaldo em outros países para fundamentar o seu argumento. “Cidades como Berlim, Atlanta e Paris tiveram que reestatizar o saneamento, pois não deu certo na mão privada. As taxas de água foram lá nas alturas”, afirmou.