Como ficam os investimentos com a taxa básica de juros a 14,25% ao ano

Investimentos pós-fixados são os beneficiados neste momento

Crédito: Freepik

O Copom (Comitê de Política Monetária), do Banco Central, anunciou nesta quarta-feira (20) novo aumento da taxa básica de juros, que passou de 13,25% para 14,25%. Com isso, alguns investimentos ficam mais atrativos, como os chamados pós-fixados, que têm a sua rentabilidade atrelada a um índice financeiro.

Entre eles, a caderneta de poupança, o CDB, Tesouro Direto, LCI e LCA, indicados para quem está começando a investir e para reserva de emergência.

Segundo Antônio Santos, analista do time de research da Rico, os pós-fixados tendem a ser beneficiados com o aumento da Selic, porque acompanham a alta. Um rendimento que renda 100% do CDI, que antes estava rendendo 13,25% ao ano, agora vai passar a render 14,25% ao ano.

O analista fez uma simulação de quanto renderia R$ 10.000 em diferentes investimentos. Ele considerou a poupança, o CDB de 10% do CDI, o Tesouro Direto acompanhando o rendimento da Selic, a LCI de 90% do CDI. Segundo ele, geralmente, são essas as taxas encontradas.

Santos destaca que a LCI é isenta de imposto de renda, assim como a poupança. E que existem diferentes taxas, o que é importante avaliar também na hora de realizar o investimento.

Veja simulação

Simulação com nova taxa Selic Reprodução/Antônio Sanches, analista de research da Rico

A simulação foi realizada para investimentos considerados pós-fixados, porque existem praticamente três tipos de rentabilidade que você vai encontrar na renda fixa. Os pós-fixados que acompanham a taxa DI ou a Selic.

Os outros dois tipos são os investimentos atrelados ao IPCA e os investimentos atrelados a uma taxa prefixada.

Prefixados

“Os prefixados já incorporaram a alta da Selic que já estava encomendada. Então, a rentabilidade dos títulos veio aumentando ao longo do final do ano passado, até atingir em torno de 15%. Em março, vimos um leve fechamento dessa curva, as taxas dos títulos prefixados caindo um pouco, porque já se estabilizou. Agora num futuro um pouco mais breve, a taxa de juros vai voltar a cair um pouquinho”, avalia Santos.

Para os prefixados, pouca coisa altera com essa mudança da Selic, mas, se as taxas de juros mais altos reduzirem a inflação ao longo do tempo, vai ser esperado que a Selic volte a cair, e é provável que os títulos prefixados tenham queda nas suas taxas disponíveis.

Evolução da Selic Luce Costa/Arte R7

Atrelados ao IPCA

E para o terceiro tipo, os títulos atrelados ao IPCA, também pouca coisa deve mudar. “Eles também estão sendo impactados pelo fechamento da curva de juros nos últimos dias, mas a mudança da Selic acaba impactando pouco para eles. Importante é que os títulos atrelados ao IPCA são uma excelente ferramenta para investidores que querem proteger o seu dinheiro do aumento de preços a longo prazo”, afirma o analista.

“Para o investidor que está montando sua reserva de emergência, os investimentos continuam o mesmo. Tesouro Selic, fundos DI e DI simples, ou CDB de bancos confiáveis, sólidos com liquidez diária. A única diferença de fato é que com essa mudança o investidor vai ter um pouco mais de rentabilidade na reserva de emergência dele, mas lembrando que a rentabilidade deve ser uma preocupação secundária. A preocupação primária é que ele tenha essas características, de segurança e liquidez”, explica Santos.

Poupança

Com a alta da Selic, a poupança voltou a registrar rendimento acima da inflação em 2024. O investimento mais popular do país teve rentabilidade de 7,09% no ano passado.

Com a taxa Selic a 14,25% ao ano, a poupança é remunerada pela taxa referencial (TR), mais uma taxa fixa de 0,5% ao mês. Quando a Selic está abaixo de 8,5%, a atualização é feita com TR mais 70% da taxa básica de juros.

Rendimento mensal da poupança Arte/R7

Para Renan Diego, consultor financeiro e especialista em investimentos, poupança, CDB, LCI, LCA e Tesouro Direto vão ter uma atratividade maior, porque a taxa básica de juros está maior. “O CDI, o índice da renda fixa, acompanha a taxa Selic. Então, CDB, LCI e LCA são muito atrelados, indexados ao CDI”, explica.

Diego destaca que, quando a taxa Selic sobe, os títulos que não ficam interessantes são os prefixados. “Os prefixados acabam subindo um pouco, mas como a gente não tem previsão de onde vai parar essa alta da taxa Selic, é muito arriscado você já comprar um título prefixado, congelar sua rentabilidade e depois a taxa fica maior do que o que você contratou”, avalia.

As melhores opções, segundo ele, são os indexados ao CDI e o próprio Tesouro Direto alinhado à Selic, além de LCI e LCA.

“Os investimentos indexados à inflação também vão estar muito bem. São aqueles híbridos, que pagam uma taxa pré-fixada, por exemplo, 5%, mais o IPCA, de acordo com a taxa de inflação. Então, é aproveitar mesmo esse cenário, essa alta da taxa básica de juros, que está proporcionando cada vez mais esse fomento dos investimentos dentro da renda fixa”, avalia.

Bolsa

Essa taxa de juros tende a repercutir nos investimentos, mas a maior concentração dos portfólios em renda fixa, afirma, Hudson Bessa, especialista em mercado financeiro na Fipecafi. “Isso porque, com essa taxa, um juro real na faixa de mais ou menos 7% a 8%, é muito apetitoso, difícil deixar de lado. Então, temos, provavelmente, uma concentração de portfólio na venda de renda fixa, que é o que vem acontecendo.”

Já a bolsa, segundo ele, até no movimento de curto prazo vem reagindo. “Mas acho que ela precisa mostrar um pouco mais de robustez para você acreditar nessa tese”, acrescenta Bessa.

(*) com R7

 

 

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