Setor vitivinícola gaúcho celebra safra histórica

Aumento significativo da colheita promete produtos com aromas e sabores ainda mais intensos

Um ano para ficar na história. O Instituto de Gestão, Planejamento e Desenvolvimento da Vitivinicultura do Rio Grande do Sul (Consevitis-RS) prevê a colheita de 750 mil toneladas de uva no Estado, em 2025, com predominância na região da Serra Gaúcha. Em relação ao ano passado, o acréscimo foi de 38,5% na cadeia produtiva de vinhos, espumantes, sucos e derivados do fruto.

Os resultados positivos e a qualidade excepcional dos produtos prometem aquecer a comercialização e impulsionar o setor. Quem compartilha essa expectativa é o presidente do Consevitis-RS, Luciano Rebelatto. “Se olharmos para o histórico, me arrisco a dizer que será a safra das safras dos últimos anos. A partir da colheita, temos excelente capacidade e tecnologia para produzir produtos de altíssima qualidade dentro das indústrias, impulsionando o nosso mercado”, reforça. Na mesma linha, o diretor da Associação Gaúcha de Vinicultores (Agavi), Darci Dani, espera convencer o consumidor local e internacional que os produtos brasileiros “são uma bela escolha”. “A nossa perspectiva é que o mercado neste ano se amplie e tenhamos um ano com um bom aumento na comercialização de produtos vitivinícolas, dada a qualidade da safra, uma das melhores que já colhemos”, celebra.

ANO PARTICULAR

A tragédia climática que atingiu o Rio Grande do Sul em maio do ano passado preocupou produtores com o risco de novas chuvas em grandes volumes. Felizmente, durante o período de cultivo, o clima permaneceu mais seco no Estado, evitando perdas significativas. “Foi um ano particular diante do excesso de chuvas, o que foi superado nas estações seguintes com um inverno rigoroso, seguido por uma primavera que permitiu a brotação com normalidade”, ressalta o enólogo Carlos Azambuja, do município de Pinto Bandeira. E as boas notícias ultrapassam a fronteira gaúcha, a enóloga Isabela Peregrino, que atua nos estados de Minas Gerais e de São Paulo também disserta sobre as condições climáticas. “As uvas colhidas entre dezembro e janeiro sofreram um pouco com as chuvas, contudo, o clima seco de fevereiro favoreceu a maturação e sanidade dos frutos”, relata Isabela.

O pesquisador em fisiologia da produção da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Uva e Vinho), Henrique Pessoa dos Santos, destaca que a condição térmica favorável ao crescimento vegetativo, com a ausência de geadas tardias no início do ciclo das videiras, contribuiu com a qualidade e o volume da safra. “Ao longo da primavera do ano passado, foram apenas seis dias de temperatura abaixo dos 10 graus e sem atingir o limite de congelamento. Isso foi determinante para garantir o pleno desenvolvimento das flores e das bagas de uva”, explica.

A pluviosidade é outro elemento essencial neste processo. De agosto a fevereiro, período entre a brotação e a colheita, a região teve uma soma de 657 mm de chuva, número abaixo da média histórica, atingindo uma similaridade com ciclos secos dos últimos cinco anos. “A baixa precipitação, com menos dias nublados e maior incidência de Sol, favorece a uniformidade de maturação e reduz as condições para o desenvolvimento de doenças nas videiras”, complementa Santos. Além disso, a condição meteorológica favorável permitiu uma melhor qualidade enológica do fruto, com aromas e a pigmentação ainda mais marcantes para o consumo.