A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) analisou os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre a Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) de janeiro de 2025. O setor de serviços registrou leve queda de 0,2% no volume de vendas em relação a dezembro, consolidando a tendência de desaceleração da economia brasileira. O turismo, no entanto, foi o segmento mais afetado no período, apresentando um recuo expressivo de 6,4%.
Após encerrar 2024 com crescimento acumulado de 3,18%, o setor de serviços segue demonstrando sinais de desaquecimento, já antecipados pelo PIB do último trimestre do ano passado. A desaceleração foi especialmente perceptível nas atividades ligadas ao turismo, como o transporte aéreo, que caiu 13,3% em janeiro, e os serviços de alojamento e alimentação, que recuaram 3%.
“Diante desse cenário, seguimos monitorando os impactos da política econômica e das condições do mercado nos setores que representamos, buscando soluções para mitigar os desafios e fomentar o crescimento sustentável do turismo e dos serviços no Brasil”, afirma o presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac, José Roberto Tadros.
IMPACTO
O desempenho negativo do turismo está atrelado, em grande parte, ao aumento expressivo dos custos no setor. Nos três meses encerrados em janeiro, o setor turístico teve um reajuste acumulado de 12%, impactando diretamente a demanda. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de janeiro mostrou aumento de 10,4% nas passagens aéreas, enquanto a alimentação fora do domicílio subiu 0,67% no mês e 1,19% em dezembro.
Para a CNC, os próximos meses serão decisivos para entender se a queda registrada em janeiro é um ajuste pontual da demanda após os aumentos de preços ou se reflete uma reversão de tendência no setor turístico. “O turismo vinha em uma curva ascendente desde a retomada pós-pandemia, mas o cenário macroeconômico adverso, com juros elevados e inflação pressionando o orçamento das famílias, pode levar a um período de menor crescimento”, avalia João Vitor Gonçalves, economista da CNC.
A confederação projeta crescimento de 2% para o PIB brasileiro em 2025, inferior ao avanço de 3,4% registrado no ano passado. A política fiscal expansionista que impulsionou a economia em 2024 perde força neste ano, ao passo que a taxa básica de juros (Selic) segue elevada, limitando o consumo e os investimentos.
O setor de serviços como um todo deve continuar perdendo fôlego, acompanhando essa nova dinâmica econômica. Entretanto, a CNC reforça que segmentos como Tecnologia da Informação e Comunicação, que cresceu 2,3% em janeiro, continuam apresentando resiliência e puxando a média do setor. Já para o turismo, a Confederação tem expectativa de crescimento de 0,89% em fevereiro.