Prefeitura de Porto Alegre estudará possibilidade de proibir compra e venda de sucatas no Quarto Distrito

Segundo o prefeito Melo, região tem sérios problemas com furto e receptação de sucatas, principalmente fios de cobre; BM intensificou prisões pelo crime em 2025

Estudo será feito para avaliar possibilidade de proibição de comércio de compra e venda de sucatas, mas "decisão ainda não está tomada", segundo o prefeito | Foto: Mauro Schaefer

Um problema crônico da região Central de Porto Alegre deverá ter um novo desdobramento nas próximas semanas. Isso porque o prefeito Sebastião Melo solicitou que equipes da Prefeitura realizem um estudo técnico para avaliar a possibilidade de proibição do funcionamento de comércio de compra e venda de metais e sucatas no Quarto Distrito.

De acordo com Melo, a região sofre com os reflexos da prática de furto e receptação de fios de cobre e outros tipos de sucata. “É uma constatação minha como prefeito dessa cidade. Ali existe um problema sério, mas temos que separar o joio do trigo. Ver o que é ferro velho e o que não é. Então eu expedi um estudo, pois também não quero prejudicar economicamente ninguém”, afirmou.

O prefeito também destacou o processo de recuperação que o Quarto Distrito vem passando nos últimos meses. A região foi uma das mais atingidas pela enchente de maio de 2024. “O que eu não posso permitir é o furto de fios e tantas outras coisas que acontecem na cidade, mas especialmente ali. É inaceitável. Nós vamos tomar todas as atitudes possíveis para recuperar o Quarto Distrito. Então, pedi o estudo, mas ainda não tenho decisão tomada”, completou.

Procurada, a Brigada Militar, através do 9º Batalhão de Polícia Militar (BPM), responsável pela área do Centro Histórico e Quarto Distrito, destaca que as ações recentes promovidas pela instituição têm obtido resultados positivos no enfrentamento deste tipo de crime. Em 2024, a atuação da corporação resultou na prisão de 47 indivíduos por furto de fios e cabos. Em 2025, de 1º de janeiro até 13 de março, já foram realizadas outras 36 prisões.

Desse total, apenas no Quarto Distrito, foram registradas 22 prisões relacionadas a furtos de fios e cabos em 2024. Neste ano, na mesma região, já foram realizadas 15 prisões. Apesar de em menos de dois meses e meio já ter atingido cerca de 70% das prisões efetuadas em todo ano passado, a Brigada Militar aponta que o número se trata de um reflexo das ações eficazes realizadas no Quarto Distrito e no Centro Histórico, principalmente a partir da 8ª edição da operação “Lei e Ordem: Combate ao Furto de Fios e Cabos”.

“Nos últimos meses, a intensificação das operações e o aumento do patrulhamento na região têm sido essenciais para os resultados alcançados. O 9º BPM, por meio de suas equipes, tem garantido uma presença constante e qualificada, proporcionando mais segurança tanto para os moradores quanto para os comerciantes da área. Relatos da comunidade local confirmam o impacto positivo dessas ações no sentimento de segurança”, afirmou, em nota, o 9ª BPM.

Segundo uma das entidades que representa os interesses da região, a Associação dos Empresários do Quarto Distrito, a solução de proibir a instalação que empresas que façam receptação de sucata furtada será bem-vinda. O relato do presidente da entidade, Arlei Romero, é de que os bairros que formam a região estão sofrendo diariamente com a prática. Além disso, ele salientou que a situação do Quarto Distrito, principalmente após a enchente, favorece esse tipo de ocorrência.

“Ainda existem algumas regiões do Quarto Distrito que estão um pouco esvaziadas, com as empresas voltando aos poucos, o que favorece essa prática. Realmente, estamos vivendo um período bem conturbado nesse sentido. E não só ali, mas toda Porto Alegre. A quantidade de fios e cabos que são roubados é impressionante. E só ocorre isso porque tem gente que faz a receptação. Se vier uma medida nesse sentido (de proibir), será muito bem-vinda por nós”, afirmou.

Romero ressalta ainda que a associação tem conversado frequentemente com as secretarias estadual e municipal de Segurança Pública sobre o tema. Além disso, ele destaca a necessidade de mudanças na legislação sobre a pena para este tipo de crime, seja para quem furta ou para quem faz a receptação. “A Segurança Pública nos atende, mas é um ‘enxuga gelo’. O meliante é detido, muitas vezes até no ato, mas ele não fica preso pois é considerado um crime de menor poder ofensivo”, lamentou o empresário.