
Diante do caos na saúde pública de Porto Alegre, como definiu o secretário municipal, Fernando Ritter, com hospitais superlotados operando acima de sua capacidade, Sebastião Melo (MDB) afirmou que será obrigado a cortar serviços.
Durante a apresentação do balanço de contas da prefeitura referente a 2024, o prefeito afirmou que não há recursos para a demanda atual da saúde na Capital. Importante ressaltar que a cidade recebe volumes extras de recursos para área por ser referência no atendimento de algumas especialidades.
“Eu não tenho Orçamento para bancar mais do interior do que já estou bancando, então vamos ter que cortar serviços. Tomei essa decisão. Vamos cortar serviços porque não tem dinheiro, não tem como pagar a conta. Já comuniquei à secretária. Isso afeta Porto Alegre, a Grande Porto Alegre e o interior do Estado”, afirmou Melo.
No domingo passado, as Unidades de Pronto Atendimento (UPA) do município voltaram a ter superlotação nas emergências. O Hospital de Clínicas (HCPA) chegou a registrar 411,11% de lotação, com 37 pessoas internadas para nove leitos disponíveis. Neste dia, o hospital São Lucas teve índice de lotação de 250%. O Instituto de Cardiologia, de 228,57%; a Santa Casa, de 192,86%; o Hospital da Restinga, de 161,11%; o Hospital Conceição, de 137,25%.
De acordo com o emedebista, Porto Alegre não pode arcar com custos de pacientes do interior do Estado, da Região Metropolitana de Porto Alegre e de sua própria população.
“O Programa Assistir (do governo do Estado) tem coisas boas, como o estabelecimento de metas, porque não tinha. Mas, quando ele trata os hospitais públicos com o mesmo custo de hospitais filantrópicos privados, é um grande erro. O hospital de porta aberta tem equipes 24h, com um custo 3x, 4x maior. Há um desarranjo na Grande Porto Alegre. Canoas era referência para 200 municípios, que não é mais. Viamão e Cachoeirinha com os problemas que têm. Quando não se encontra um hospital lá, todos os pacientes têm um destino só, mas isso não está no contrato e vai lotando nossos hospitais”, disse.
Ele deu um exemplo prático: “80% dos leitos da UTI de queimados são do interior. Só tem quatro habilitados pelo SUS, o restante é bancado pela prefeitura. São pacientes do interior. Essa conta não pode ser paga pela prefeitura. E esse é um caso concreto”, completou.
Melo afirmou que irá se reunir com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) para, em conjunto, decidirem quais serviços devem ter cortes e irá fazer anúncio após batido o martelo.