Os preços da indústria nacional desaceleraram para 0,13% em janeiro de 2025, após subirem 1,35% em dezembro de 2024, na comparação com o mês anterior. Esta é a 12ª alta consecutiva neste indicador. Em janeiro de 2024, a taxa havia sido de -0,24%. O Índice de Preços ao Produtor (IPP), assim, acumula alta de 9,69% em 12 meses, nono resultado positivo seguido e o maior desde setembro de 2022 (9,84%). Os dados foram divulgados nesta sexta-feira, 14, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O IPP mede a variação dos preços de produtos na “porta da fábrica”, ou seja, sem impostos e frete, de 24 atividades das indústrias extrativas e de transformação. Em janeiro de 2025, 14 atividades industriais pesquisadas apresentaram variações positivas de preço quando comparadas ao mês imediatamente anterior, acompanhando a variação do índice na indústria geral. Em dezembro do ano passado, 22 atividades haviam apresentado maiores preços médios em relação ao mês anterior.
“O resultado do IPP em janeiro, positivo pela 12ª vez seguida na comparação mensal, foi o menor dessa sequência. Essa desaceleração está vinculada, em grande parte, à variação negativa dos preços de alimentos. Deve-se levar em conta a apreciação do real diante do dólar, na passagem de dezembro para janeiro (1,2%), que tem impacto sobre vários setores, como fumo, madeira, mas também alimentos e metalurgia. Por outro lado, fatores de mercado entram na explicação dos movimentos observados”, explica Alexandre Brandão, analista do IPP.
ATIVIDADES INDUSTRIAIS
As atividades industriais responsáveis pelas maiores influências no resultado de janeiro foram alimentos (-0,22 ponto percentual), refino de petróleo e biocombustíveis, (0,15 ponto percentual), outros produtos químicos (0,14 ponto percentual) e indústrias extrativas (-0,07 ponto percentual).
O setor de alimentos (-0,84%), que tem maior peso no cálculo do IPP, mostrou variação negativa após uma sequência de nove meses com aumento de preços. Em dezembro do ano passado, havia registrado 1,65%. O acumulado em 12 meses, que estava em 13,80% em dezembro, ficou em 13,64% em janeiro, completando uma série de oito resultados positivos.
“Os preços de alimentos têm respondido a reduções de oferta de modo geral, em consonância com problemas climáticos que estão acontecendo nos últimos anos (excesso de seca ou de chuva). A melhora da renda interna causa uma pressão de demanda sobre o setor. Em janeiro, a apreciação do real frente ao dólar, a colheita da cana de açúcar e da soja, e uma menor demanda de carne (dezembro é um mês de demanda aquecida do produto, por conta das festas de final de ano) explicam em grande parte o recuo observado”, acrescenta Alexandre.
O setor de refino de petróleo e biocombustíveis, que aparece entre as principais influências no resultado geral da indústria, apresentou alta de 1,49%, terceiro resultado positivo consecutivo e o maior deles. O acumulado em 12 meses saltou de 1,47%, em dezembro, para 8,14%, em janeiro, a maior variação desde julho de 2024 (14,17%). De acordo com o analista do IBGE, “o preço do óleo bruto de petróleo, na contramão dos minérios, em alta, exerce pressão sobre os produtos que o utilizam como matéria-prima”.
A atividade de outros produtos químicos (1,72%) também mostrou variação positiva expressiva. “Por um lado, os preços do setor respondem aos movimentos do câmbio (adubo, por exemplo, é um produto que é fortemente importado). Por outro, o setor agrícola é fonte de pressão sobre produtos utilizados no plantio. Muitos produtos químicos usam produtos do refino, que vêm, como se viu, aumentando”, lembra Alexandre.
SETORES
Os preços do setor de indústrias extrativas, por sua vez, caíram 1,49% em relação ao mês anterior, depois de três taxas positivas em sequência. Essa variação negativa, a quarta mais intensa na comparação entre janeiro de 2025 e dezembro de 2024, ocorreu devido ao recuo dos preços dos minérios, tanto os de ferro quanto os não metálicos. Os produtos da extração de petróleo e gás natural apresentaram variação positiva. “No caso das indústrias extrativas, normalmente os preços praticados no país seguem aqueles do mercado externo. Isso explica a redução mais recente (impactada pelos preços dos minérios) e os movimentos de alta e baixa anteriores”, conclui Alexandre.
Já o setor de metalurgia mostrou variação média de -0,54%. Esse resultado acontece após 13 taxas positivas seguidas, gerando um acumulado nos últimos 12 meses de 26,77%. Foi a variação mais intensa e a segunda maior influência (1,59 p.p. em 9,69%) nesse indicador dentre as atividades pesquisadas.
Pela perspectiva das grandes categorias econômicas, a variação de preços observada na passagem de dezembro de 2024 para janeiro de 2025 repercutiu da seguinte forma: 0,53% de variação em bens de capital, -0,19% em bens intermediários e 0,53% em bens de consumo, sendo que a variação observada nos bens de consumo duráveis foi de 1,24%, enquanto nos bens de consumo semiduráveis e não duráveis foi de 0,39%.