Juros do cartão de crédito recuam em janeiro, diz BC

Mesmo com a redução, taxa ainda é a maior para o mês desde 2017

Foto: Marcello Casal/Agência Brasil

A taxa média de juros do rotativo do cartão de crédito voltou a recuar após quatro meses em alta e chegou a 445,6% ao ano em janeiro. O patamar é o maior para mês desde 2017. O indicador caiu 6 pontos percentuais em relação a dezembro, quando a taxa era de 451,6% ao ano. A informação consta das Estatísticas Monetárias e de Crédito, divulgadas nesta quinta-feira, 13, pelo Banco Central.

Na prática, isso significa que qualquer dívida no cartão de crédito feita há um ano cresce cinco vezes se o consumidor não pagar a fatura no dia do vencimento. Por exemplo, o consumidor que devia R$ 800 em janeiro do ano passado precisa desembolsar um adicional de R$ 3.564,80 para quitar o saldo devedor com a instituição financeira após um ano, totalizando uma dívida de R$ 4.364,80.

Apesar da alta dos juros, em dezembro de 2023, o Conselho Monetário Nacional determinou um limite de 100% para as taxas de juros do rotativo após o Congresso Nacional aprovar uma lei com essa regra. A decisão entrou em vigor no ano passado e vale para as dívidas contraídas a partir de janeiro. Sendo assim, com a nova norma, se a dívida for de R$ 200, por exemplo, o valor total, com a cobrança de juros e encargos, não poderá exceder R$ 400.

As taxas apresentadas pelo BC podem sugerir, portanto, que os bancos estejam descumprindo a lei, mas o que acontece é apenas um registro estatístico. Para chegar às taxas anuais, a autoridade monetária extrapola o juro cobrado ao mês pela instituição financeira para o ano.

Essa taxa, porém, nem sempre é efetivada porque, geralmente, são apenas por alguns dias ou semanas que o consumidor fica “pendurado” no cartão, que costuma ter as taxas mais elevadas. O chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central, Fernando Rocha, explicou que a instituição não pretende descontinuar essa série histórica porque ela ainda serve como referência para mostrar a velocidade de aumento ou redução dos juros e também porque é um dos componentes para se chegar à taxa cobrada pelo sistema como um todo.

CHEQUE ESPECIAL

O cheque especial, segunda linha de crédito mais cara disponível no mercado, que está embutida na conta-corrente dos brasileiros, subiu em janeiro. Os juros médios chegaram a 135,1% ao ano, 0,3 ponto percentual a mais do que o registrado em dezembro. No cheque especial, uma dívida de R$ 800 mantida por um ano sem pagamento salta para R$ 1.880,80.

Para driblar os índices das modalidades com as maiores taxas de juros do mercado, os consumidores podem aderir ao empréstimo consignado, que oferece desconto direto na folha de pagamento. A taxa da linha de crédito subiu 0,7 ponto percentual em janeiro e figura em 24,7% ao ano, a maior desde setembro de 2023, quando registrou 24,8%.

Dentro do consignado, as taxas variam entre os grupos de profissionais, com a menor delas cobrada aos beneficiários do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), 23,2% ao ano. Para os servidores públicos e trabalhadores do setor privado, as cobranças figuram em, respectivamente, 24,2% e 41,2% ao ano.

(*) com R7