Semana de inflação no Brasil e nos EUA centraliza as atenções dos analistas

Divulgação do IPCA de fevereiro desperta movimenta os investidores

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A semana de indicadores econômicos será mais movimentada no Brasil, embora também esteja prevista a divulgação de dados importantes no exterior. Os destaques são a inflação ao consumidor no Brasil e nos EUA, além dos dados de atividade no Brasil e a divulgação dos resultados do 4º trimestre das empresas brasileiras listadas na B3. Este cenário antecede à Super Quarta de decisão de juros pelo Copom no Brasil e Fed nos EUA.

Na segunda-feira, 10, haverá a divulgação do Boletim Focus pelo Banco Central (BC), com o mercado monitorando se haverá alteração nas projeções do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil para este e os próximos anos após a divulgação dos dados completos da atividade econômica de 2024 revelados na última sexta-feira, 7. O último trimestre do ano passado apresentou um crescimento de 0,2% em relação ao trimestre anterior, abaixo da estimativa de 0,5%, o que deve levar a revisões no crescimento econômico e na taxa Selic em 2025. O primeiro dia útil da semana começa também com a bateria de dados importantes que balizam a política monetária do Copom, com a divulgação do IGP-DI de fevereiro pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).

Na terça-feira, 11, será a vez do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) liberar dados da produção industrial de janeiro, enquanto o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que o mercado estimava variar entre 1,31% e 1,34%, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) e o Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil de fevereiro e os dados fiscais de janeiro serão liberados na quarta-feira, 12. Os números do volume de serviço, do IBGE, e do volume de crédito do Banco Central, de janeiro, serão conhecidos na quinta-feira, 13, enquanto na sexta-feira será a vez das vendas no varejo, do IBGE, do primeiro mês do ano.

Em relação aos dados de atividade, os economistas vão monitorar se a desaceleração apresentada no quarto trimestre teve continuidade em janeiro, embora o mercado de trabalho tenha tido um desempenho melhor do que o esperado, especialmente no setor industrial. “Já o IPCA deve vir acima do teto superior de 4,5% no acumulado de 12 meses estabelecido pelo regime de meta de inflação, devido ao fim do desconto da energia de Itaipu e a elevação de impostos estaduais sobre os combustíveis”, estima Leandro Manzoni, da plataforma Investing.com.

EXTERIOR

Os dados do Produto Interno Bruto (PIB) do Japão do quarto trimestre nesta segunda-feira, 10, à noite devem apresentar um diagnóstico mais preciso em relação à saúde econômica japonesa e os próximos passos do Banco do Japão (Boj). Outro dado meramente estatístico serão da produção industrial de janeiro da Alemanha, já que o país discute agora a formação de um novo governo que deve elevar os gastos em infraestrutura e defesa.

Para isso, uma trava de aumento de endividamento deve ser colocada em votação pelo novo governo liderado pelo democrata-cristão Friedrich Merz em coalizão com os social-democratas e os Verdes. As ações de defesa na bolsa alemã responderam positivamente ao longo da última semana, enquanto o euro teve uma forte valorização de 4,54% em relação ao dólar.

Nos EUA, os olhos dos investidores estarão voltados para os indicadores econômicos do país na quarta-feira, 12, e quinta-feira, 13, quando serão divulgados respectivamente os dados de inflação ao consumidor e ao produtor. Se os números vierem abaixo do esperado pelo mercado, a tendência é de alimentar o apetite ao risco dos investidores, pois pode afugentar o receio de pressão inflacionária em meio a sinais de desaceleração econômica forte na maior economia do mundo

“Isto deve permitir ao Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) dar maior peso para o lado do mercado de trabalho do que à inflação em suas decisões ao longo dos próximos meses”, comenta Manzoni.

Com os números do mercado de trabalho de fevereiro vindo levemente pior do que o esperado na sexta-feira (7), além de índice antecedentes de atividade apontando incertezas quanto à política comercial do presidente Donald Trump, é provável que o Fed comece paulatinamente a mudar o discurso com maior preocupação à atividade econômica, especialmente se os dados de inflação ajudar.

“Vale ressaltar que o presidente do Fed, Jerome Powell, ainda adota um discurso duro de política monetária, em que prega a cautela antes de tomar qualquer decisão, especialmente em relação ao corte de juros, embora alguns membros do Fed já começam a mudar o discurso para mais dovish, ou seja, inclinando-se para o corte de juros nas próximas reuniões”, diz o analista.

BALANÇO

A temporada de balanços com os resultados do quarto trimestre de 2024 das empresas brasileiras retorna na segunda-feira com Rede D’Or como destaque, enquanto na terça a estrela será Azzas 2154. Na quarta e na quinta serão os dias com mais balanços, com destaque para CSN, CSN Mineração, Eletrobras, Casas Bahia, Magazine Luiza e Cogna. Vale lembrar que haverá alteração no horário de negociação na B3 na segunda-feira. Com o retorno do horário de verão nos EUA, o mercado à vista passa a funcionar das 10h00 às 17h00, com o fechamento acontecendo uma hora mais cedo.