Divulgação do PIB brasileiro domina dados econômicos do restante da semana

Mercado espera desaceleração do indicador devido ao aperto monetário

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Os investidores brasileiros começam a quarta-feira, 4, cheio de indicadores para monitorar o impacto no preço dos ativos. A bolsa brasileira reabre nesta quarta-feira 5, às 13h com o impacto da guerra comercial envolvendo Estados Unidos, China, México e Canadá. O tradicional Boletim Focus, de projeções econômicas do mercado divulgado pelo Banco Central do Brasil, será disponibilizado às 14h de hoje, devido ao feriado de Carnaval.

Na quinta-feira, 6, a Fundação Getulio Vargas (FGV) divulga o resultado do IPC-S da quarta semana de fevereiro, e das Capitais. No mesmo dia, a fundação libera o Indicador Antecedente de Emprego (IAEmp), enquanto no dia seguinte sai o Índice de Variação de Aluguéis Residenciais (IVAR) do mês passado.

A sexta-feira, 7, é o grande dia da agenda de indicadores da semana. Será conhecido o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, com a expectativa de desaceleração da economia brasileira nos três últimos meses de 2024. Embora a atividade tenha sido robusta ao longo do ano passado com um mercado de trabalho aquecido e expansão do crédito, a expectativa é de que o ímpeto tenha se perdido entre outubro e dezembro, com contaminação na atividade ao longo deste ano.

AVALIAÇÃO

Conforme Leandro Manzoni, economista da plataforma Investing.com, a desaceleração deve ter ocorrido devido ao aperto monetário agressivo promovido pelo Comitê de Política Monetária (Copom), que já subiu a taxa de juros em quase 3 pontos percentuais desde setembro do ano passado. A expectativa é de pelo menos mais uma alta de 100 pontos-base, levando a taxa dos atuais 13,25% para 14,25%, o que deve impactar negativamente a atividade ao longo do ano.

“Um ponto de atenção em relação aos dados do PIB do quarto trimestre de 2024, pelo IBGE, é o desempenho das importações no período. As compras de produtos do exterior têm um efeito negativo na atividade econômica, mesmo que o consumo das famílias, os investimentos e os gastos do governo tenham tido um crescimento relevante. As contas externas devem ganhar maior preocupação dos economistas ao longo de 2025”, diz.

Para ele, a economia brasileira, que estruturalmente apresenta déficit em Transações Correntes, está prestes a perder o financiamento deste déficit pela entrada de investimentos estrangeiros no país, considerado de maior qualidade e com menor propensão de saída rápida do país. Apesar de um volume elevado nas reservas internacionais, a economia brasileira passaria a ser financiada por capitais de curto prazo que entram para compra de ações e títulos públicos e corporativos, o que poderia deixar a cotação do real ainda mais sensível em relação ao dólar, se somando aos conhecidos riscos fiscais e a imprevisibilidade do governo dos EUA.

Parte considerável da deterioração do déficit de Transações Correntes ocorreu com o aumento das importações e um menor superávit comercial. Com isso, a divulgação dos dados da balança comercial de fevereiro, na sexta-feira à tarde, ganham importância.