Inadimplência avança no RS em janeiro entre pessoas físicas, diz CDL POA

Em cada 10 adultos no Rio Grande do Sul, um terço está inadimplente conforme o Indicador

Economia. Foto: Marcello Casal/Agência Brasil

A inadimplência de pessoas físicas atingiu no mês de janeiro o maior nível já registrado na série histórica da Equifax | Boa Vista para o Rio Grande do Sul. O percentual de adultos negativados subiu de 32,57% em dezembro para 33,25% em janeiro (+0,68 ponto percentual). Em Porto Alegre, a taxa passou de 33,33% para 33,95% (+0,62 ponto percentual), permanecendo abaixo do nível pré-enchente de abril de 2024 (34,34%). Segundo estimativas baseadas no Censo de 2022, há atualmente 2,851 milhões de CPFs negativados no RS e 364.933 em Porto Alegre.

Os dados foram divulgados pela CDL Porto Alegre no Indicador de Inadimplência CDL POA no Rio Grande do Sul e na Capital gaúcha, com base nas informações da Equifax | Boa Vista. De acordo com o economista-chefe da CDL POA, Oscar Frank, o aumento atípico foi influenciado pela inclusão expressiva de registros por parte de uma grande prestadora de serviços essenciais no Estado. Ele ressalta que “o cenário econômico nacional sugere desaceleração, com queda da confiança do consumidor e dos empresários, além do recuo da atividade econômica em importantes setores produtivos”.

“O impacto da desvalorização cambial de 2024, a inflação pressionada e a elevação da Taxa SELIC constituem desafios. Nossa projeção indica novas altas dos juros básicos no curto prazo, que devem ultrapassar os 14,25% ao ano após a reunião de março do COPOM”, explica Frank.   Em contrapartida, fatores como o mercado de trabalho aquecido e as políticas de estímulo à demanda, incluindo o reajuste real do salário-mínimo, contribuem para atenuar o desaquecimento mais brusco do consumo e do crédito.

PESSOA JURÍDICA

O índice de inadimplência das empresas aumentou pelo terceiro mês seguido no Rio Grande do Sul, avançando de 12,86% em dezembro de 2024 para 13,58% em janeiro de 2025 (+0,72 p.p.). Em Porto Alegre, o crescimento foi de 14,23% para 14,50% (+0,27 p.p.). Em números absolutos, estima-se que 195.594 CNPJs estejam negativados no RS e 33.460 na Capital.

Diversos fatores explicam essa tendência de alta, conforme destaca o economista-chefe da CDL POA, Oscar Frank. “Os negócios enfrentam dificuldades decorrentes da escassez de trabalhadores qualificados, aumento de custos no atacado e juros elevados. Além disso, a seca em regiões produtoras do Estado adiciona um fator de incerteza ao cenário”, avalia.

No entanto, Frank ressalta que o planejamento tributário mais estável de impostos estaduais e os investimentos em reconstrução da infraestrutura e prevenção de enchentes podem ajudar a mitigar parte desses impactos ao longo de 2025.