Mercado aguarda com expectativa os dados da inflação nos EUA

Economistas agora questionam se haverá efetivamente corte de juros em 2025

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A semana será de intensa movimentação nos EUA, pois os indicativos são de que a inflação voltou a acelerar no fim de 2024. O índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) apresentou uma aceleração de 0,3% para 0,4% na base mensal, em linha com o consenso, enquanto na base anual a subida foi de 2,7% para 2,9%, também dentro do consenso. Já os núcleos, que excluem itens voláteis como alimentação e energia, vieram 0,2% no mês e 3,2% no acumulado de 12 meses, abaixo do esperado e em desaceleração em relação a novembro.

O CPI não é o índice preferido do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) para mensurar a inflação. O preço dos gastos de consumo (PCE, na sigla em inglês) exerce esse papel e também apresentou aceleração, tanto no índice cheio como nos núcleos (com exceção da base anual, que ficou estável). Esses dados mantêm a inflação nos EUA longe do centro da meta de 2% ao ano.

O presidente do Fed, Jerome Powell, deve responder essa aceleração nos preços a senadores e representantes das duas Casas do Congresso dos EUA na terça, 11, e quarta-feira, 12. Powell vai apresentar o tradicional Relatório de Política Monetária, que ocorre semestralmente.

Além disso, os parlamentares americanos vão questionar como Powell e o Fed vêem o impacto na inflação da política de tarifas sobre produtos importados e de deportação de imigrantes ilegais dos EUA sob o novo governo de Donald Trump. Os economistas estão desde a campanha presidencial do ano passado afirmando que as políticas comercial e imigratória do republicano são inflacionárias.

NEUTRALIDADE

Powell deve manter a neutralidade, como está fazendo desde a vitória de Trump nas eleições de novembro, apontando ser cedo para falar. Perguntas relacionadas ao mercado de trabalho também serão direcionadas ao chair do Fed, que continuou apresentando robustez em janeiro, inclusive com queda na taxa de desemprego de 4,1% para 4% e aumento dos salários.

“É importante ressaltar que o Fed tem duplo mandato na política monetária: estabilidade de preços e promoção do pleno-emprego. A resposta de Powell aos congressistas deve impactar nas projeções do mercado para a taxa de juros nos EUA ao longo do ano. Se 2025 começou com a perspectiva de dois cortes, em linha com a mediana das projeções dos membros do Fed no último relatório de Projeções Econômicas divulgado em dezembro, os economistas agora questionam se haverá efetivamente corte de juros em 2025, com os investidores estimando apenas um corte no ano, provavelmente na reunião de junho ou julho, de acordo com o Monitor da Taxa de Juros do Fed do Investing.com”, diz Leandro Manzoni, economista da plataforma.

Nos EUA, também serão conhecidos os dados da produção industrial e das vendas no varejo de janeiro. No outro lado do Atlântico, Zona do Euro e Reino Unido apresentam as prévias do Produto Interno Bruto (PIB) do 4º trimestre. No cenário corporativo, os destaques são os balanços de Tim, BTG Pactual, Suzano, Usiminas, Raízen e Porto no Brasil. Nos EUA, gigantes como McDonald’s e Coca-Cola apresentam seus resultados do último trimestre de 2024.