Com a previsão da alta da Selic e, consequentemente, com um aumento nos juros, o mercado pode ter uma retração comercial, ou seja, uma queda nos financiamentos ou compras parceladas. Mas não é o que aponta o resultado do estudo “O futuro da relação do brasileiro com o dinheiro e as finanças”, realizado com exclusividade pela Croma Consultoria.
De acordo com o estudo, nos próximos anos, as tendências de financiamento no Brasil deverão ser moldadas por um cenário de transformação, refletindo as mudanças de comportamento de consumo e as condições econômicas. Com um número crescente de brasileiros demonstrando interesse em adquirir bens duráveis, como imóveis ou veículos, por meio de financiamentos, observa-se um movimento em direção a uma maior flexibilização nas práticas de compra.
GERAÇÕES
As gerações Z – entre 18 e 26 anos de idade (75%) e Millenials – entre 27 e 42 anos (72%) são os mais propensos a contrair dívidas, enquanto as gerações X – entre 43 e 58 anos (52%) e Baby Boomers – entre 59 anos ou + (58%) são os menos inclinados a isso e preferem evitar esse tipo de compromisso financeiro, priorizando a estabilidade e a liberdade de dívidas. Ainda de acordo com a base de resultados, as mulheres (67%) possuem mais intenção em adquirir bens de consumo financiado ou em prestações do que os homens (61%).
Para Edmar Bulla, fundador do Grupo Croma e idealizador do estudo, as diferenças no comportamento financeiro refletem uma combinação de fatores econômicos, culturais, tecnológicos e das experiências de vida de cada grupo. “Para as gerações mais jovens, o parcelamento de bens de consumo é visto como uma estratégia para construir um patrimônio e realizar desejos. Em contrapartida, os mais velhos preferem evitar esse tipo de compromisso financeiro, priorizando a sua estabilidade e a liberdade de dívidas”, explica.
Nos próximos 2 anos, 77% dos brasileiros nas regiões Norte e Centro-Oeste do Brasil afirmam ter a intenção de parcelar suas compras, essa preferência pelo parcelamento está fortemente ligada a condições econômicas específicas e fatores culturais. Entre as condições financeiras, destaca-se a volatilidade do emprego, especialmente devido à prevalência da renda informal.
Outro aspecto relevante nestas regiões é o fácil acesso ao crédito proporcionado pelas fintechs, cooperativas de crédito (agrícolas ou não) e bancos regionais que oferecem produtos financeiros acessíveis e menos burocráticos. As regiões Nordeste (64%), Sul (63%) e Sudeste (61%) completam o ranking de intenções.
PRODUTOS DESEJADOS
51% dos brasileiros planejam adquirir um imóvel e 43% pretendem comprar um veículo financiado nos próximos dois anos. O alto custo desses bens leva muitos a optarem pelo financiamento, seja por não terem o montante disponível para pagamento à vista, seja para evitar comprometer o orçamento familiar de uma única vez.
Essa intenção de compra de imóveis é especialmente mais forte entre os Millenials (63%) Nas regiões Norte e Centro-Oeste, 60% dos entrevistados compartilham essa intenção. Para compra de veículos, é possível notar que os brasileiros das classes A (57%) e B (52%) são os que mais compartilham da intenção de financiar este tipo de bem de consumo. O prazo ideal de financiamento de veículo está entre 13 e 36 vezes (37%), enquanto para compra de imóveis é certamente mais de 60 vezes (36%).
“Bens de consumo de alto valor, como imóveis e veículos, são parcelados em uma quantidade maior de vezes devido ao seu elevado custo e ao impacto que esse valor teria no orçamento das famílias se o pagamento fosse realizado em um número reduzido de parcelas”, diz Bulla.
Celulares e Smartphones (28%), eletrodomésticos como fogão, geladeira, máquina de lavar roupa (22%), notebooks ou computadores (18%), viagens nacionais ou internacionais e eletroeletrônicos como televisores e ar-condicionado possuem a mesma intenção dos entrevistados (17%). Bens com valores agregados menores, como eletrodomésticos ou eletrônicos, são normalmente parcelados em até 6 vezes (39%) ou até 12 vezes (48%), porque o custo total é relativamente baixo em comparação com imóveis ou veículos.