Reunião do Copom deve confirmar alta da Selic para 13,25% ao ano

Se confirmado o aumento, será o patamar mais elevado desde meados de 2006

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Tem início daqui a pouco a primeira reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, sob o comando de Gabriel Galípolo, terminando na quarta-feira, 29, com a divulgação do comunicado do grupo após o fechamento do mercado financeiro. A decisão deve convergir para a segunda alta seguida de 100 pontos-base, elevando a taxa básica Selic de 12,25% para 13,25%, conforme definido na reunião de dezembro, a última sob o comando de Roberto Campos Neto. No comunicado e na ata do encontro do mês passado, o colegiado sinalizou duas altas de 1 ponto percentual nas reuniões seguintes, a de janeiro e a de março.

Além de Galípolo, também será a primeira vez que os diretores indicados por Lula serão maioria no Copom, que define a taxa de juros da economia. Se confirmado o aumento, será o patamar mais elevado desde meados de 2006, no fim do primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ou seja, em 19 anos. No Relatório Focus, com avaliação de analistas do mercado financeiro e divulgado nesta segunda-feira, a expectativa para 2025 da taxa de juros permaneceu em 15%.

“A expectativa do mercado é em relação ao comunicado, e que deverá continuar apontando um maior risco de alta inflacionário sob um dólar mais alto, hiato do produto sob um mercado de trabalho apertado e um crescimento econômico robusto, além de uma desconfiança fiscal que, segundo o Copom, está interferindo na alta dos prêmios de risco nos ativos financeiros”, comenta Leandro Manzoni, analista da Investing.com.

DESCONFORTO

A decisão em si não deve trazer surpresas no entendimento de Oscar Frank, da CDL Porto Alegre, e o Copom tende a proceder de acordo com o indicado no encontro anterior. Ele lembra que, em entrevista concedida em meados de dezembro, Galípolo afirmou que é “apegado ao guidance” – sinalização dada a respeito dos próximos passos envolvendo a política monetária –, dando a entender que somente uma piora expressiva do quadro macroeconômico seria capaz de gerar, por exemplo, um incremento ainda mais forte dos juros. “A primeira reunião do Comitê sob nova direção é importante não pelo resultado em si, mas por outras questões, como a visão dos membros acerca da atual conjuntura e do cenário prospectivo para a inflação, além da forma de comunicação”, diz.

Para a equipe econômica do Banrisul, a prévia da inflação oficial recuando de 0,34% para 0,11% em janeiro pode ser atribuída, em larga escala, ao desconto do Bônus de Itaipu – um evento não recorrente. “Reiteramos nossa perspectiva de que o Copom deverá cumprir o forward guidance – orientação futura – de mais duas altas de 100 pontos-base na taxa Selic, nas reuniões de janeiro e março de 2025, o que deverá levar a taxa de juros para o patamar de 13,25% e 14,25% ao ano, respectivamente. Contudo, não nos parece que novos compromissos de aperto monetário sejam antecipados na reunião de janeiro, ou mesmo em março, ficando o colegiado livre de amarras para perseguir a ancoragem da inflação dentro do horizonte relevante, que já aponta para o primeiro semestre de 2026”.