Confiança do varejo cai em janeiro, mas intenção de investimentos se mantém, diz CNC

Indicador revela aumento de cautela do empresariado

Crédito: Alexandre Barros/Divulgação

O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec) registrou queda de 1,1% em janeiro, atingindo 109 pontos, após três meses de resultados positivos. A pesquisa, realizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) e divulgada nesta terça-feira, 28, revela moderação do otimismo dos comerciantes, impactado pelos desafios econômicos e pelos gastos típicos dos consumidores no início do ano, como IPTU, IPVA e custos escolares. O resultado é 0,1% inferior ao apurado no mesmo período do ano passado.

A pesquisa revela que os subindicadores que mais contribuíram para a queda do índice foram os relativos à Condição Atual da Economia e Expectativa da Economia, ambos 2,6% abaixo dos números do mês anterior. Apesar disso, as intenções de investimento cresceram 0,2% e 2,4%, no comparativo com dezembro e janeiro de 2024, respectivamente. O foco tem sido o investimento em capital físico e o controle de estoques. Após as contratações temporárias de fim de ano, houve estabilidade no quadro de funcionários.

“O cenário é de cautela para o comércio, o que nos alerta para a necessidade de redobrarmos esforços em prol da retomada econômica, especialmente em um momento de maior pressão sobre os custos. Por outro lado, é animador ver que os investimentos continuam avançando, o que demonstra o comprometimento dos varejistas com a superação dos desafios”, afirma o presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac, José Roberto Tadros.

SEMIDURÁVEIS

A queda da confiança foi mais expressiva no setor de bens semiduráveis, como roupas, calçados, tecidos e acessórios, em que houve redução de 1,8%. Por outro lado, os segmentos de supermercados, farmácias e lojas de cosméticos (0,3%) e de eletroeletrônicos, móveis e decorações, materiais de construção e veículos (0,7%) apresentaram desempenho positivo.

“Essa retração no otimismo dos empresários de semiduráveis reflete o comportamento cauteloso do consumidor, típico do período pós-festas, quando os orçamentos familiares estão mais pressionados pelas despesas sazonais. Mas é importante destacar que o momento exige estratégias assertivas, como promoções, flexibilização de prazos e maior controle dos estoques”, avalia o economista-chefe da CNC, Felipe Tavares.

A intenção de investimentos teve variação positiva em quase todos os segmentos, com destaque para eletroeletrônicos, móveis e decorações, materiais de construção e veículos (1,1%), apesar da alta da taxa Selic. O comércio de bens semiduráveis foi o único que reduziu sua perspectiva de investimentos, em 1,4%. Ainda assim, a análise anual do quesito foi positiva para todos os setores, com eletroeletrônicos, móveis e decorações, materiais de construção e veículos também apresentando a maior alta, 4,3% superior ao primeiro mês de 2024.