Zeli Teresinha dos Anjos detalhou as circunstâncias que precederam a morte do marido, Paulo Luiz dos Anjos, no início de setembro, em Arroio do Sal. Ela disse que “sem sombra de dúvidas” a nora, Deise Moura, levou um leite em pó durante uma visita ao casal. O relato consta em um depoimento prestado à Polícia Civil na segunda-feira. De acordo com Zeli, no dia 31 de agosto, o filho Diego Silva dos Anjos e a nora fizeram uma viagem bate e volta de Nova Santa Rita, onde moravam, a Arroio do Sal. Na ocasião, eles levaram produtos da antiga residência de Zeli, que foi atingida pela enchente em Canoas.
Entre os alimentos, havia leite em pó, em um pote de Tupperware, e bananas. Deise foi descrita como “muito simpática e agradável” durante a visita. No dia seguinte, Paulo Luiz passou mal aproximadamente uma hora após ingerir o leite em pó com café. Zeli disse que o marido teve muito vômito e foi socorrido pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Ela também apresentou sintomas de intoxicação, mas foi atendida no Pronto Atendimento e melhorou.
Paulo morreu no hospital, às 2h, em 3 de setembro de 2024. Zeli afirmou que os sintomas dele foram parecidos com os das três pessoas que morreram após a ingestão de um bolo no dia 23 de dezembro, em Torres.
Deise Moura foi presa temporariamente no dia 5 de janeiro. Ela é suspeita de ter contaminado o doce com arsênio, e também de ter provocado a morte do sogro meses antes.
Deise teria aparentado satisfação em velório
Na época, a causa da morte de Paulo foi dada como intoxicação alimentar. A família atribuiu isso ao consumo de bananas, teoricamente contaminadas na enchente em Canoas. Zeli disse que, após o óbito, Paulo ficou conhecido no bairro Mathias Velho como “o homem que morreu pelas bananas da enchente”. Ela adicionou que Deise era uma das pessoas que o chamava assim.
No velório dele, uma das irmãs de Zeli, Maida Berenice Flores da Silva, relatou que Deise “olhava para o corpo de Paulo e expressava uma sensação de vitória em seu rosto”. Zeli lembra que a irmã a alertou: “Maninha, não come nada que ela (Deise) te der, não bebe nada que te alcance. Se for tomar chimarrão, deixe que ela beba primeiro.”
O corpo de Paulo Luiz dos Anjos foi exumado três dias após a prisão de Deise. Um exame do Instituto-Geral de Perícias (IGP) detectou a presença de arsênio no cadáver.
Envenenamento de bolo de Natal
Zeli recordou que, no final de novembro, Deise e Diego estiveram em Arroio do Sal. Ela disse que havia pacotes de farinha na casa, ambos abertos. Um dos itens estava guardado no armário embaixo da pia e dentro de uma embalagem plástica. Outro, estava acondicionada em uma embalagem de papelão, e que estava no balcão em frente a uma mesa.
Ainda no relato, Zeli disse achar que Deise envenenou a farinha que estava embaixo da pia, por motivos de ciúmes. Ela também acredita que seria o alvo principal da investigada.
O que diz a defesa de Deise
A defesa da acusada Deise, representada pelo escritório Cassyus Pontes Advocacia, vem se manifestar no sentido de que houve acesso aos laudos preliminares do IGP, quanto aos fatos ocorridos na Comarca de Torres, bem como o da exumação do corpo do Sr. Paulo Luiz dos Anjos.
Desta forma, já há contato com peritos criminais particulares para avaliação da documentação oficial e notícias veiculadas pelos meios midiáticos.
Entretanto, não há ainda a disponibilidade dos laudos referentes ao filho de Deise dos Anjos e seu companheiro, razão pela qual no momento não há judicialização das supostas novas vítimas.
Deise permanece recolhida com prisão temporária, a investigação segue, e conforme decisão judicial, ainda restam diligências a serem realizadas para a elucidação dos fatos no inquérito.
Cassyus Pontes Advocacia