A morte de três pessoas que comeram um bolo envenenado completa um mês nesta quinta-feira. Deise Moura dos Anjos, apontada como suspeita de contaminar o doce com arsênio, está no Presídio Feminino de Torres, na mesma cidade onde o crime ocorreu. Deise ainda não pode receber visitas, porque está presa em caráter temporário, mas conta com o auxílio de parentes. A irmã dela esteve na casa prisional na manhã desta quinta-feira.
De acordo com os servidores penitenciários, a familiar deixou ali uma receita para a compra de um medicamento controlado. Um prontuário médico da presa atesta que ela faz tratamento para depressão. No histórico de Deise há pelo menos uma tentativa de suicídio, além de menções sobre a vontade de tirar a própria vida. Ela já teria alegado que o filho, um menino de 9 anos, seria o único motivo para não consumar o ato.
Houve tentativas de contato da reportagem com a irmã da investigada, que não retornou. A advogada Fernanda Grivot, que representa a família de Deise, disse que os parentes estão profundamente abalados e que, por isso, têm optado por se resguardar, evitando a exposição pública.
Deise também recebe a ajuda do marido, Diego Silva dos Anjos. Em 6 de janeiro, um dia após a chegada dela ao presídio, o companheiro enviou uma sacola com roupas íntimas e produtos de higiene pessoal. Ele ainda notificou a unidade sobre a intenção de manter as entregas enquanto a esposa for uma presa temporária.
Na semana passada, um exame pericial apontou a presença de arsênio em amostras de urina de Diego e do filho. A suspeita da Polícia Civil é que os dois ingeriram um suco de manga contaminado, supostamente, por Deise.
Em depoimento, na segunda-feira, o homem confirmou ter passado mal após o consumo da bebida. Ele também disse que, ainda no ano passado, teve sintomas de intoxicação alimentar e foi hospitalizado. Entretanto, segundo os investigadores, o homem não responsabiliza a esposa pelo ocorrido.
Pessoas próximas à Diego confirmam a versão, mas adicionam que ele contratou um escritório de advocacia para tratar de um pedido de divórcio. Deise ainda não estaria ciente da decisão.
Leia a nota da defesa de Deise
A defesa da acusada Deise, representada pelo escritório Cassyus Pontes Advocacia, vem se manifestar no sentido de que houve acesso aos laudos preliminares do IGP, quanto aos fatos ocorridos na Comarca de Torres, bem como o da exumação do corpo do Sr. Paulo Luiz dos Anjos.
Desta forma, já há contato com peritos criminais particulares para avaliação da documentação oficial e notícias veiculadas pelos meios midiáticos.
Entretanto, não há ainda a disponibilidade dos laudos referentes ao filho de Deise dos Anjos e seu companheiro, razão pela qual no momento não há judicialização das supostas novas vítimas.
Deise permanece recolhida com prisão temporária, a investigação segue, e conforme decisão judicial, ainda restam diligências a serem realizadas para a elucidação dos fatos no inquérito.
Cassyus Pontes Advocacia
O que diz a advogada da Família de Deise
Esclarecemos que a família da suspeita está profundamente abalada pela situação. É um momento de dor e sofrimento para todos, não apenas pela investigação envolvendo sua familiar, mas também pela relação de afeto que mantinham com as vítimas.
Por esse motivo, a família tem optado por se resguardar, evitando exposição pública e buscando preservar sua privacidade nesse momento tão delicado. Reiteramos que quaisquer esclarecimentos serão prestados exclusivamente pelos advogados contratados pela família, de forma ética e transparente.
Fernanda Grivot – Trindade & Mombelli Advogados Associados