O endividamento das famílias gaúchas atingiu, em dezembro, um percentual de 90,8% na segunda queda mensal consecutiva (93,0% em novembro de 2024). É o que revela a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência das Famílias (PEIC-RS) divulgada nesta quinta-feira, 23, pela Fecomércio-RS. Todavia, o percentual continua superior ao do ano passado (88,7% em dezembro de 2023). Este recuo é reflexo da diminuição no endividamento, especialmente entre as famílias de menor renda.
Quanto à percepção das famílias sobre o seu nível de endividamento também houve uma melhora. Em dezembro de 2024, 24,2% dos entrevistados se consideraram “muito endividados”, um número abaixo dos 26,9% registrados em novembro de 2024 e dos 27,8% de dezembro de 2023. Por outro lado, o percentual de famílias que se consideram “mais ou menos endividadas” cresceu pelo sétimo mês consecutivo.
A pesquisa, realizada nos dez últimos dias de novembro de 2024 em Porto Alegre, indicou que o tempo de comprometimento permaneceu estável em 6,9 meses, refletindo um alongamento dos prazos de pagamento, o que contribui para a redução da pressão sobre a renda comprometida com dívidas das famílias, que apesar do aumento na margem permanece abaixo dos 30,0% (28,0% em dezembro de 2024). Entre os tipos de dívida, o cartão de crédito continua sendo o principal, com 54,8% dos endividados relatando este tipo de compromisso, seguido por carnês (46,5%) e financiamento de veículos (11,2%).
No aspecto da inadimplência, o cenário também foi mais favorável, com a porcentagem de famílias com contas em atraso registrando 34,2%, o que representa a quarta queda consecutiva do indicador. Comparado a dezembro de 2023 (39,5%), a redução foi significativa, corroborando uma tendência de redução da inadimplência no estado. O tempo médio de atraso no pagamento de dívidas também apresentou um recuo, indo de 34,7 dias em dezembro de 2023 para 28,8 dias em dezembro de 2024.
Além disso, o indicador de famílias que não terão condições de pagar suas dívidas nos próximos 30 dias, um sinal de inadimplência crônica, caiu para 2,8% em dezembro de 2024. Este é o terceiro recuo consecutivo desde as cheias de maio de 2024. Para as famílias com renda superior a 10 salários mínimos, o percentual foi de 0%, mantendo-se estável desde setembro de 2021.
Embora os dados mostrem um cenário menos preocupante em relação ao endividamento e à inadimplência, o cenário prospectivo guarda preocupações. A expectativa de aumento da taxa de juros e a desaceleração econômica no segundo semestre de 2025 podem afetar a capacidade de pagamento das famílias, especialmente as de menor renda.
“O cenário atual mostra um quadro de curto prazo positivo para o endividamento e a inadimplência. Famílias com orçamentos equilibrados consomem mais e melhor. Diante dos aumentos esperados da Selic, é bastante provável que tenhamos um freio nessa trajetória benigna especialmente da inadimplência”, concluiu Luiz Carlos Bohn, presidente da Fecomércio-RS.