O acordo de cessar-fogo entre Israel e o grupo terrorista Hamas entrou em vigor neste domingo (19), com atraso, após o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu exigir do grupo terrorista Hamas, no sábado (18), a identidade das três reféns que serão libertadas hoje, às 16h no Oriente Médio, 11h no horário de Brasília.
A exigência foi cumprida e a pausa nos bombardeios já começou.
As três mulheres possuem cidadania israelense e foram levadas durante os ataques de 7 de outubro de 2023. São elas:
- Romi Gonen, 24 anos: sequestrada enquanto tentava deixar o festival Supernova.
- Emily Damari, 28 anos: possui nacionalidade britânica-israelense e foi levada do Kibutz Kfar Aza, no sul de Israel.
- Doron Steinbrecher, 31 anos: enfermeira veterinária, morava em Kfar Aza e foi sequestrada de dentro do seu próprio apartamento.
O tratado, divulgado na quarta-feira (15), só foi aprovado oficialmente pelos israelenses na sexta (17) e tem previsão de durar 42 dias.
Durante esse período, 33 dos 98 reféns sequestrados pelos terroristas devem ser libertados. Netanyahu disse neste sábado, contudo, que o cessar-fogo é apenas uma pausa na guerra e que os conflitos vão continuar, caso as reivindicações de Israel não seja todas atendidas.
Negociações tensas
Na manhã de quinta-feira (16), Netanyahu, já havia dito que o Hamas teria alterado termos negociados e que não discutiria o documento de cessar-fogo com seu gabinete enquanto os terroristas não recuassem.
“O Hamas voltou atrás em partes do acordo alcançado com os mediadores de Israel, numa tentativa de extorquir concessões de última hora”, informou um comunicado divulgado pelo gabinete do premiê.
No mesmo dia, os terroristas negaram o recuo e disseram que estavam “respeitando os termos acordados”, segundo as agências de notícias Associated Press e Reuters.
Apenas na noite de quinta é que o gabinete de Netanyahu anunciou que a pausa nos ataques seguiria em frente. O documento foi votado e aprovado oficialmente pelo governo de Israel no dia seguinte.
O cessar-fogo foi anunciado em Doha, no Catar. O país foi um dos mediadores, ao lado do Egito e dos Estados Unidos.
A trégua ocorre após mais de 15 meses de conflito. A guerra deixou 46 mil mortos e forçou o deslocamento de milhões de pessoas na Faixa de Gaza desde seu início, quando os terroristas atacaram Israel, em 7 de outubro de 2023.
O que diz o acordo
O acordo será implementado em três etapas, de maneira gradual, e com condições que ainda precisam ser debatidas. A expectativa é que, ao fim de todas elas, o conflito seja definitivamente encerrado.
A primeira fase do tratado já está negociada. Ela prevê a libertação gradual, ao longo de seis semanas, de 33 reféns israelenses, incluindo mulheres, crianças, idosos e civis feridos — em troca de centenas de palestinos, especialmente mulheres e crianças, presos por Israel.
Durante esse período, as forças israelenses se retirariam parcialmente de Gaza, os palestinos seriam autorizados a retornar às suas casas no norte do território e haveria um aumento na ajuda humanitária.
Já a segunda fase deve ocorrer a partir de fevereiro, enquanto a primeira ainda estiver em andamento. A partir dela, o Hamas libertaria os reféns restantes, principalmente soldados, em troca de mais prisioneiros palestinos e da retirada completa de Israel da Faixa de Gaza.
A terceira e última etapa também depende de negociações. Nela, seria discutido um plano de reconstrução de Gaza, que seria executado sob supervisão internacional. Mas ainda não há definição de quem vai governar o território no futuro.
O acordo foi elaborado a partir de uma estrutura definida há meses pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e endossado pelo Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas).
Por que o conflito começou
Na madrugada de 7 de outubro de 2023, terroristas do Hamas bombardearam Israel em um ataque surpresa. Mil e duzentas pessoas foram mortas, e outras 250, sequestradas — no que foi considerado o maior golpe sofrido pelo país em toda a sua história.
O grupo terrorista Hamas, que governa a Faixa de Gaza desde 2007, disse que aquela era “uma grande operação para a retomada do território” — disputado entre judeus e árabes.
No mesmo dia, Benjamin Netanyahu disse que o país havia entrado em estado de guerra. Em seguida, Israel iniciou uma invasão a Gaza, com ataques por terra e pelo ar.
Ao menos 46 mil pessoas morreram desde então, sendo mais da metade delas mulheres e crianças, segundo o Ministério da Saúde de Gaza — que é controlado pelo grupo terrorista Hamas e não informa quantos dos mortos eram combatentes.