PL amplia protagonismo no primeiro escalão de Sebastião Melo

Ao lado do MDB, legenda do próprio prefeito da capital, partido terá o maior número de secretários e diretores de autarquias na gestão

Melo e Bolsonaro participaram da convenção que escolheu Betina para vice | Foto: Fabiano do Amaral / CP Memória/CP

O prefeito Sebastião Melo (MDB) conseguiu nomear todos os titulares das secretarias antes de ser reconduzido ao cargo e empossar o secretariado, na primeira sexta-feira do ano, em 3 de janeiro. Com apenas diretorias de algumas autarquias e chefias de gabinetes faltando, o PL, da vice Betina Worm, desponta como o maior partido do primeiro escalão do novo governo de Porto Alegre para a gestão 2025-2028, ao lado dos emedebistas.

Assim, o PL tem quatro posições no primeiro escalão até o momento. Mesmo número do MDB, partido de Melo. O Podemos tem três, mas dois deles são considerados da cota pessoal do prefeito: Cássio Trogildo (Governança Cidadã e Desenvolvimento Rural) e Fernando Ritter (Saúde). Ambos já faziam parte do governo.

O PP conta com dois cargos. Cidadania, Novo, PSDB e Republicanos têm um secretário cada. PSD, PRD e Solidariedade ainda não foram contemplados. Os dois últimos não elegeram vereadores nas eleições.

Ainda não foram definidos nomes para diretorias do DMLU, da Defesa Civil, da EPTC, do Previmpa e do Procon. Melo também não escolheu um novo chefe de gabinete.

Arte: Leandro Maciel

Aumento da influência do PL reflete recursos da campanha

A influência que o PL passa a ter na prefeitura de Porto Alegre reflete o peso que a legenda teve para a reeleição do emedebista. Não apenas com a indicação da vice-candidata e com os votos do eleitor de extrema-direita mais fielmente ligado ao bolsonarismo, mas em recursos. A sigla foi a única que investiu na campanha majoritária, além do próprio MDB. O valor que a direção nacional destinou à candidatura de Melo foi R$ 3 milhões. A cifra representa 27,87% do total de receitas da campanha vitoriosa. Apenas os emedebista empenharam mais: R$ 5,3 milhões, quase metade do total (49,24%), também do diretório nacional.

Arte: Leandro Maciel

O PL, inclusive, tomou a decisão de diminuir a destinação de recursos para campanhas de candidatos a vereadores para alocar em uma chapa que compunha com a vice-candidatura. A escolha gerou certo desagrado na nominata proporcional.

Antes mesmo das convenções partidárias, Melo já dava indicativos do prestígio do PL. Após o ex-vice-prefeito Ricardo Gomes anunciar que não seria candidato, o prefeito passou a articular para manter o partido na chapa. Apesar de pressões de demais siglas, aliadas mais antigas e com nomes mais experientes, prevaleceu a tese de seguir os liberais com a vice-candidatura. Assim, surgiu Betina Worm, então militar da ativa, novata que nunca havia participado da política eleitoral e partidária.

De imediato, após o segundo turno, a nova vice passou a se inteirar sobre o dia-a-dia da prefeitura e ganhou papel de destaque no gabinete de transição. Ela não foi a única. Melo nomeou um executivo para a área técnica e dois de seus principais aliados para coordená-la: André Coronel e Cezar Schirmer, ambos do MDB. O PL também indicou um coordenador: Luiz Armando foi designado para representar os interesses do partido no grupo de transição, ganhando relevância nas decisões da cidade antes mesmo do início efetivo do governo.