Foi encaminhado ao Instituto-Geral de Perícias (IGP) um pedido para coleta de sangue do marido e do filho de Deise Moura dos Anjos, suspeita de envenenar um bolo de Natal em Torres. A solicitação feita pela Polícia Civil, que confirmou a informação nesta terça-feira.
O objetivo das medidas é verificar se há ou não a presença de veneno em familiares próximos à investigada. De acordo com a PC, ela teria utilizado o método para cometer “crimes em série”.
Deise é apontada como responsável por causar a morte de quatro pessoas da mesma família no ano passado. Três das vítimas morreram após comer um bolo no dia 22 de dezembro, em Torres. Outra, o sogro dela, morreu em setembro, após consumir bananas e leite em pó. Ela teria contaminado os alimentos com doses letais de arsênio, que é a base do veneno arsênico.
A suspeita é que o marido e o filho de Deise, um menino de 9 anos, tenham sobrevivido a tentativas de envenenamento. O homem deve ser ouvido, na condição de testemunha, ainda nesta semana pela Polícia Civil. Apesar de não ter a participação no crime totalmente descartada, ele ainda não é investigado.
Bolo de Natal envenenado
Deise permanece presa temporariamente desde o dia 5 de janeiro, quando foi apontada como suspeita de envenenar um bolo com arsênio em Torres. Na ocasião, seis pessoas passaram mal após o consumo da sobremesa. A perícia detectou a presença de arsênio em três delas.
A sogra de Deise, Zeli Teresinha Silva dos Anjos, que fez o doce, recebeu alta na última sexta-feira. Ela também devera ser ouvida pela PC nos próximos dias.
As duas irmãs de Zeli, Neuza Denize Silva dos Anjos e Maida Berenice Flores da Silva, morreram em 24 de dezembro, um dia após a ingestão do bolo.
Ainda veio a óbito, na mesma data, a filha de Neuza, Tatiana Denize Silva dos Anjos. O filho de Tatiana e o marido de Maida também foram intoxicados, mas sobreviveram.
Exumação do corpo de sogro
O sogro de Deise, Paulo Luiz dos Anjos, morreu em setembro, dois dias após uma visita dela. À época, a família acreditou que ele havia morrido por intoxicação alimentar, devido ao consumo de bananas teoricamente contaminadas na enchente. Após a exumação do corpo dele, na semana passada, o Instituto-Geral de Perícias (IGP) encontrou arsênio no cadáver.
Em um intervalo de quatro meses, Deise teria comprado arsênio pelo menos quatro vezes. As aquisições foram feitas na internet, e as entregas ocorreram via Correios. Uma das compras da substância foi realizada pouco antes da morte de Paulo.
O que diz a defesa da suspeita
Em nota, a defesa de Deise Moura dos Anjos diz que as declarações divulgadas pela Polícia Civil ainda não foram judicializadas no procedimento sobre o caso, e que por isso aguarda a integralidade dos documentos e provas para análise e manifestação.
O comunicado também diz que já foram realizados requerimentos e esclarecimentos no inquérito judicial referentes aos andamentos da investigação, e que a defesa aguarda neste momento a decisão judicial.