O Cais Navegantes é um dos três, junto ao Mauá e ao Marcílio Dias, que faz parte da estrutura portuária de Porto Alegre. Geralmente desconhecido de grande parte da população, sua função é servir de abrigo a terminais de empresas que utilizam o local para carregar ou descarregar mercadorias. Atualmente, a área portuária além da região do Mauá, especialmente abaixo da antiga ponte do Guaíba, é utilizada também para pesca eventual de pessoas que vêm de outros municípios em busca de momentos de lazer. O acesso é livre e não há nenhuma espécie de controle. “Mas a gente não consegue pegar muita coisa”, disse o aposentado Ivanildo Bazotto, morador de Sapucaia do Sul, na Região Metropolitana, e que estava na região do Cais Marcílio Dias na manhã desta sexta-feira.
“Vim umas 20 vezes depois das enchentes e nunca mais veio nada significativo depois disto, somente as piavas. Antes, pegávamos até tainhas”, contou ele, que, assim como os colegas, pesca com caniço e anzol. Depois das enchentes de maio, a região como um todo tornou-se uma incógnita, mas, segundo a Portos RS, esta realidade está mudando. O diretor de Relações Institucionais da estatal, Sandro Oliveira, afirma que estão previstos R$ 40 milhões, dentro dos R$ 731 milhões aprovados pelo Fundo Rio Grande (Funrigs) no ano passado, a fim de reconstruir e revitalizar o local, que foi devastado em sua totalidade.
“Será feita toda a parte lógica, elétrica, balanças e também um projeto de estruturas resilientes para futuras cheias”, diz ele. “Este projeto está sendo estudado pelas diretorias da Portos RS e estamos buscando exemplos no país e no exterior, que possa resistir a cheias de até um metro no cais”. O prazo é o de utilização do fundo, de dois anos, a partir da aprovação, que ocorreu em dezembro de 2024. Ou seja, até dezembro de 2026 as melhorias deverão estar executadas. Em fevereiro de 2024, o governo do Estado anunciou R$ 4,5 milhões em investimentos para obras de pavimentação no Navegantes, oficialmente a área operacional da unidade portuária da Capital. Porém, as cheias colocaram tudo a perder.
Há também, de acordo com ele, um projeto para revitalizar a Praça Edgar Schneider, onde há a escultura As Moças da Fonte, esculpida por Alfred Hubert Adloff, alemão radicado em Porto Alegre. Ela ficou nacionalmente conhecida por aparecer no filme “O Homem que Copiava”, dirigido por Jorge Furtado e lançado em 2003. “Nossa ideia é fazer uma parceria com alguma universidade de Porto Alegre para que possamos, junto com os arquitetos, revitalizar aquela área de forma a fazer um novo paisagismo, recuperar a fonte, fazer alguma manutenção, a fim de que sirva para visitação para escolas e universidades”, comentou Oliveira. Apesar da presença arquitetônica, a área é inacessível há décadas.
As empresas que mantêm armazéns no cais já recuperaram praticamente toda sua estrutura após as enchentes, também segundo o diretor da Portos RS. No caso do Cais Marcílio Dias, onde há os pescadores, a intenção é também realizar investimentos para desenvolver uma estrutura portuária. O diretor também destacou o projeto Minha Cidade Tem um Porto, que inclui o que denominou como uma aproximação do porto com a comunidade. A ideia é implementá-lo em Porto Alegre a partir de fevereiro ou março, com campanhas publicitárias, vídeos institucionais e inclusive um concurso de redação para alunos de colégios da Capital, com premiações em dinheiro, aos moldes do que foi realizado em Rio Grande. “Vamos convidar todos para que participem deste projeto”, salientou Oliveira. “Vamos apresentá-lo à Secretaria de Logística e Transportes (Selt) e para o governo como um todo, depois para o prefeito, para a Assembleia Legislativa e à Câmara de Vereadores e toda a sociedade”.
