O ministro da Secom (Secretaria de Comunicação Social), Paulo Pimenta, confirmou nesta terça-feira (7) que vai deixar o cargo, em declaração à imprensa no Palácio do Planalto. Pimenta informou que o substituto será o publicitário Sidônio Palmeira. O anúncio foi feito ao lado de Sidônio. Segundo Pimenta, a transição para o novo ministro já foi iniciada. “Vamos construir essa caminhada conjunta até a semana que vem, quando deve ocorrer a formalização da nomeação da transição de cargo”, afirmou.
O atual ministro informou que vai tirar uma semana de férias e, quando voltar, vai discutir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se terá uma nova função no governo. “Para mim é algo muito tranquilo estar hoje na Secom e, eventualmente, amanhã ou depois, ter outra tarefa ou função”, comentou. Pimenta deve voltar a Brasília (DF) na quinta-feira (16) da próxima semana.
Ele e Sidônio se reuniram com Lula mais cedo nesta terça. A mudança ocorreu para abrir espaço a um novo tipo de perfil na Secom. Lula reclamou da divulgação das ações do governo no fim do ano passado (leia mais abaixo).
“Nós já viemos, há um tempo, construindo dentro do governo, por uma necessidade, um processo de transição da política de comunicação do governo. O presidente tem uma leitura muito precisa que tivemos uma primeira fase do governo, de reconstrução, de reposicionamento dos programas, das ações do governo”, explicou Pimenta.
Com a mudança no comando da Secom, inicia-se um novo período na gestão petista. “A partir de 2025, nós vamos entrar na fase nova do governo, aquilo que a gente chama de colheita dos resultados. O presidente quer ter à frente da Secom uma pessoa que tenha um perfil diferente do perfil que eu tenho”, continuou.
Perfil
Pimenta descreveu o novo ministro como “um profissional de comunicação”, com “experiência, talento, criatividade e capacidade de poder exercer essa tarefa e coordenar essa política de comunicação do governo no próximo período”.
O publicitário reforçou que terá “uma relação bem próxima” com a imprensa. “Vou fazer o máximo possível para informar e manter a transparência. Estamos começando um segundo tempo. É como se fosse uma corrida de baliza. Já estou pegando [o bastão]”, comparou.
Sidônio destacou o desafio de aperfeiçoar a parte digital do governo, como já dito por Lula anteriormente. Ele foi o responsável pela campanha vitoriosa do petista em 2022. Em agosto do ano passado, o publicitário lançou o livro “Brasil da Esperança – O Marketing Nas Eleições Mais Importantes do País”, no Museu da República, em Brasília, com presença de Lula. A publicação abordou detalhes da última corrida presidencial.
Cobranças de Lula
Pimenta está na Secom desde o início do mandato do presidente Lula, em janeiro de 2023 — entre maio e setembro de 2024, foi indicado para assumir o Ministério Extraordinário para Reconstrução do Rio Grande do Sul. Ainda não há definição sobre o futuro dele no governo. Ele é deputado federal pelo RS, e um eventual retorno à Câmara dos Deputados não está descartado.
Rumores sobre uma eventual mudança na Esplanada dos Ministérios começaram a circular no início de dezembro do ano passado, quando o presidente criticou publicamente a gestão de Pimenta. A pasta é responsável pela divulgação das ações do governo federal.
“Há um erro no governo na questão da comunicação, e sou obrigado a fazer as correções necessárias, para que a gente não reclame de que a gente não está se comunicando bem”, admitiu Lula durante seminário do PT, em Brasília (DF).
Na fala, o presidente também reclamou da divulgação das ações do Executivo. “Sinto cada vez que viajo, que converso, que atendemos ministros, que não estamos entregando de forma adequada [as ações], para que a sociedade tenha as informações do que estamos fazendo. A partir de 1º de janeiro, não tem mais entrega. A gente vai ter que divulgar corretamente o que nós já lançamos. Alguma coisa precisa ser mudada para que as pessoas tenham acesso àquilo que estamos fazendo. Nós não estamos conseguindo colocar as coisas que estamos fazendo. É uma das minhas preocupações, que quero começar a resolver no início de ano”, afirmou.
Na semana seguinte às falas de Lula, Pimenta declarou no JR Entrevista não acreditar em uma reforma ministerial no governo, embora tenha afirmado que seu cargo está à disposição de Lula e que “ajustes são parte do cotidiano”.
“Nós todos somos cargos de confiança do presidente. E fazemos parte do time dele. Eventualmente, um treinador faz uma mudança tática na posição de um ou outro jogador. Então, eu acho que algum evento que efetivamente pudesse ser caracterizado como uma mudança ou uma reforma ministerial não vai acontecer. Pelo menos, essa é a minha leitura”, destacou, ao apresentador Luiz Fara Monteiro.
Mudanças anteriores na Esplanada
Pimenta será o sexto ministro a sair da gestão de Lula neste mandato. O primeiro a deixar o governo foi Gonçalves Dias, em abril de 2023. Ele chefiava o GSI e pediu demissão depois de imagens do circuito de segurança do Palácio do Planalto mostrarem que ele estava no prédio quando a sede do Executivo foi palco de atos de vandalismo em 8 de janeiro.
Em julho do mesmo ano, a então ministra do Turismo, Daniela Carneiro, entregou o cargo, após disputas internas no partido do qual faz parte, o União Brasil. Ela, que é deputada federal, retornou à Câmara e é vice-líder do governo no Congresso.
Dois meses depois, foi a vez de Lula demitir Ana Moser, que comandava o Ministério do Esporte. A decisão do presidente fez parte de um movimento para aumentar o espaço do Centrão no governo federal. A pasta do Esporte foi entregue ao PP. Na mesma tacada, o petista deu o Ministério dos Portos e Aeroportos ao Republicanos e criou mais uma pasta federal na Esplanada, o Ministério do Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte, para acomodar Márcio França, que estava à frente dos Portos e Aeroportos.
Em fevereiro de 2024, Flávio Dino deixou o Ministério da Justiça e Segurança Pública para assumir uma vaga no STF (Supremo Tribunal Federal). Ele foi substituído por Ricardo Lewandowski. Em setembro do mesmo ano, Sílvio Almeida foi demitido por Lula depois de denúncias de assédio sexual.