Zeli Teresinha Silva dos Anjos, responsável por fazer o bolo que levou três pessoas à morte em Torres, deixou a Unidade de Tratamento Intensivo (UTI). A informação foi divulgada nesta segunda-feira, pelo Hospital Nossa Senhora dos Navegantes, onde a mulher de 61 anos permanece internada desde o dia 23 de dezembro. O quadro de saúde dela é considerado estável.
O boletim médico diz que Zeli apresentou melhora e foi encaminhada para a enfermaria clínica. Não há previsão de quando ela deve sair do hospital. Um menino de 10 anos, sobrinho-neto dela, foi para casa na última sexta-feira.
Deise Moura dos Anjos, nora de Zeli, foi presa no domingo, apontada como suspeita de ter envenenado o bolo. A Polícia civil aponta que ela teria contaminado a farinha utilizada na sobremesa. O resultado da perícia apontou que quantidade de arsênio no produto era de 65 gramas por quilograma, cerca de 2,7 mil vezes maior do que a concentração da substância encontrada no bolo.
Ainda segundo a apuração policial, a suspeita fez pesquisas sobre arsênio no celular. O químico é a base do veneno arsênico.
Detida por ordem de prisão temporária, a mulher considerada suspeita vai responder por triplo homicídio duplamente qualificado e uma tripla tentativa de homicídio duplamente qualificada. Ela está recolhida no Presídio Estadual Feminino de Torres.
Relembre o caso
O bolo foi consumido no dia 23 de dezembro, em um apartamento na rua Alexandrino Alencar, por volta das 18h. Na ocasião, uma confraternização de família ocorria ali.
Minutos após a ingestão, as seis pessoas que ingeriram a guloseima começaram a passar mal. Os sintomas incluíam vômito, diarreia e dores no corto. As vítimas foram levadas para o pronto-atendimento do município.
Maida Berenice Flores da Silva, de 58 anos, morreu na madrugada de 24 de dezembro. O marido dela, 60 anos, recebeu alta. O restante das vítimas foi internada no Hospital Nossa Senhora dos Navegantes.
Ainda na mesma data, outros dois óbitos foram registrados. As vítimas foram identificadas como Neuza Denize Silva dos Anjos, 65 anos, e a filha dela, Tatiana Denize Silva dos Anjos, 47 anos.
Um menino de 10 anos, filho de Tatiana, permaneceu hospitalizado até o última sexta-feira, quando recebeu alta. O pequeno chegou a escrever uma carta em que pedia orações por ele e pelas vítimas que morreram.
Além deles, a mulher que fez o bolo também foi hospitalizada. Ela é Zeli Terezinha Silva dos Anjos, 61 anos, irmã de Maida e Neuza, que comeu duas fatias do alimento. Nesta manhã, ela recebeu alta da UTI e foi transferida para um leito, onde permanece sob observação clínica. O quadro de saúde dela é considerado estável.
Exames detectaram a presença de arsênio no sangue dos sobreviventes e no corpo de uma das vítimas. O químico é a base do veneno arsênico. A Polícia Civil chegou a tratar o caso como homicídio doloso, por considerar que a substância, que não tem cor nem cheiro, pudesse ter sido usada por engano na produção do bolo.
A tese foi descartada após uma análise do Instituto-Geral de Perícias (IGP) apontar a presença do tóxico na farinha utilizada.
A farinha foi encontrado em Arroio do Sal, na semana passada, durante buscas na casa da mulher que fez o doce. Os investigadores agora tentam determinar como e há quanto tempo o item estava ali.
Segundo a apuração policial, a investigada tinha desavenças com a sogra. Não foram fornecidos detalhes sobre a questão, mas a briga entre elas teria ocorrido há mais de 20 anos, e por motivos banais. A suspeita é que isso também tenha motivado o envenenamento do marido de Zeli, em setembro de 2024, morto por uma suposta intoxicação alimentar. O corpo dele será exumado nos próximos dias.
Leia a nota da defesa da investigada
Deise Moura dos Anjos, presa temporariamente por suposto envenenamento no caso do bolo, na cidade litorânea de Torres/RS, vem a público manifestar que possui defesa constituída, representada pelos advogados Manuela Almeida, Vinícius Boniatti e Gabriela S. Souza.
Até o presente momento, 06 de Janeiro, às 07hrs, a defesa prestou atendimento em parlatório à cliente, contudo, não teve acesso integral a investigação em andamento, razão pela qual se manifestará em momento oportuno.