BNDES apoia fornecedores do SUS com R$ 97 mi em 2024

Empresa de Pelotas teve um crédito de R$ 60 milhões aprovado no programa

Foto: Agência Brasil/Arquivo

A Lifemed, de Pelotas (RS), foi a primeira empresa a acessar recursos do programa BNDES Fornecedores SUS, criado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para apoiar os fornecedores locais do Sistema Único de Saúde (SUS). Em 2024, foram fechadas, com recursos do programa, três operações que somam R$ 97 milhões, sendo que a empresa gaúcha foi a maior delas, com um crédito aprovado de R$ 60 milhões.

“Com essas operações estamos atendendo ao objetivo da missão dois da política Nova Indústria Brasil (NIB), do governo Lula, que visa ampliar o acesso da população à saúde gratuita e de qualidade. Como maior sistema público de saúde do planeta, com 150 milhões de usuários, a demanda do SUS por máquinas, serviços, remédios e outros insumos têm a capacidade de promover o desenvolvimento de fornecedores locais”, observou o presidente Aloízio Mercadante.

O programa BNDES Fornecedores SUS foi criado em maio de 2024 com orçamento de R$ 500 milhões e vigência até 30 de junho de 2028. Ele visa apoiar os fabricantes locais de dispositivos para saúde, contribuindo para a meta da Nova Industria Brasil: aumentar a participação da produção local dos atuais 42% para 70% do consumo nacional de medicamentos, vacinas, equipamentos e materiais para saúde.

O crédito concedido pelo programa pode contribuir para superar as dificuldades encontradas pelos fornecedores do SUS, que enfrentam desafios como o longo prazo de recebimento dos pagamentos e a necessidade de recursos para formação de estoques e multiplicidade de compradores. O fornecimento ao SUS se dá por meio da venda às instituições prestadoras de serviços de saúde, que podem ser entes públicos, instituições filantrópicas, parcerias público-privadas, organizações sociais.

POTENCIAL

Apesar do crescimento da base industrial da saúde no Brasil nos últimos 20 anos, ainda há mais espaço para crescer em razão da forte dependência externa. Em 2023, o déficit comercial do setor foi de US$ 21 bilhões. Isso representa 40% acima do valor de 2010, que era de US$ 15 bilhões, e levou em conta medicamentos, vacinas, insumos farmacêuticos ativos, equipamentos e materiais de uso em saúde.

Outra característica do setor é a grande diversidade de segmentos de atuação. Ele compreende desde bens de capital de alta complexidade, caso dos equipamentos de diagnóstico por imagem e dos robôs cirúrgicos, até materiais de consumo médico-hospitalares, como equipamentos de proteção individual (EPIs), seringas e agulhas.

De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Dispositivos Médicos (Abimo), no Brasil há 4.549 empresas de dispositivos médicos, sendo 224 do segmento de aparelhos e equipamentos, e 4.325 do segmento de instrumentos e materiais. A produção do setor gerou uma receita de R$ 21,1 bilhões em 2022, dos quais R$ 17,2 bilhões (82%) referentes a instrumentos e materiais e R$ 3,8 bilhões (18%) relativos ao segmento de aparelhos e equipamentos para saúde.

Fundada em 1978, a Lifemed é uma empresa de capital 100% nacional que atua no desenvolvimento e fabricação de produtos e equipamentos médico-hospitalares. Tem duas fábricas em Pelotas (RS) e comercializa seus produtos para mais de dois mil hospitais brasileiros, públicos e privados. O BNDES é acionista da companhia desde 2007.