Moradores do bairro Guarujá, em Porto Alegre, se dizem esquecidos pelo poder público após as enchentes

Alagamentos constantes na rua Jacipuia e êxodo de pessoas preocupam habitantes remanescentes da área

Ruas desertas, rua Jacipuia no bairro Guarujá. | Foto: Fabiano do Amaral

Moradores da rua Jacipuia, no bairro Guarujá, zona Sul de Porto Alegre, estão preocupados com a falta de ação da Prefeitura na via, atingida por alagamentos e mau cheiro do esgoto a cada ocorrência de chuva mais forte. Um extenso trecho da rua se tornou praticamente deserta depois das cheias de maio, após muitos vizinhos deixarem o local, e quem permaneceu, está indo embora ou adquiriu casas a preços muito abaixo do mercado. Os alagamentos são mesmo o maior fator de indignação. As enchentes históricas fizeram com que o trecho da Jacipuia mais próximo da orla permanecesse ao menos um mês a mais inundada do que o restante da cidade, dizem os habitantes.

“As razões são inalteradas. Este é um trecho que se encontra abaixo do nível do Guaíba, e isso sujeita os moradores a frequentes episódios de alagamentos, não apenas com as chuvas de maio. Temos apenas a promessa de que será contratado um estudo para a ampliação do sistema anticheias para a zona Sul”, diz o servidor Felipe Blaya Almeida Monteiro. De acordo com ele, o sentimento é de “esquecimento pelo poder público”. “A orla de Ipanema está em reconstrução, mas para o Guarujá não há absolutamente nada divulgado”. Machado disse que buscou entrar em contato com o Escritório de Reconstrução e Adaptação Climática de Porto Alegre via e-mail, e “foi dito que aguardássemos uma solução”.

As marcas de maio continuam muito presentes nas residências, com as linhas horizontais de cor marrom paralelas ao solo demarcando onde a água chegou. Eles dizem que sua situação é muito similar à vivida por habitantes do bairro Ipanema, que no final do ano questionaram a utilidade de novo calçadão construído pela Prefeitura, e que, segundo eles, quando concluído, poderá gerar novas enchentes em locais onde por ora não há, com a alegação de que a água do arroio Capivara poderia ter vazão menor rumo ao Guaíba. A Administração nega que isso ocorrerá. Procurada sobre a demanda do Guarujá, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade (Smamus) disse que medidas de redução de riscos estão sendo realizadas até uma solução definitiva para o local.

Ela deve passar pelo resultado de um estudo contratado em outubro para a ampliação do sistema de proteção contra cheias na zona Sul, abrangendo o trecho da avenida Diário de Notícias até o limite com Viamão. Ainda segundo a Prefeitura, “a empresa contratada deverá desenvolver a concepção do projeto com duas propostas de cenários para proteção dentro da nova cota de segurança, que posteriormente serão discutidas com a população”, assim como a previsão de áreas de amortecimento e localização de novas Estações de Bombeamento de Água Pluvial (Ebaps), indicando alterações urbanísticas necessárias ao longo do potencial dique e a estimativa de custos.

 

Leia a nota completa da Smamus

A Prefeitura de Porto Alegre contratou em outubro estudos para a ampliação do sistema de proteção contra cheias na Zona Sul, abrangendo o trecho da avenida Diário de Notícias até o limite com Viamão, passando pelo Guarujá.

O objetivo é analisar a melhor solução para dar continuidade ao atual sistema de proteção por mais 50 quilômetros ao longo do Guaíba.

O contrato prevê a elaboração de estudo hidrológico para analisar todas as informações históricas de estatísticas de inundação da Capital e definir a nova cota de projeto e estudo hidrodinâmico para estabelecer a altura ideal da crista do dique.