A filha do homem apontado como guru de uma seita em Viamão não foi intimada a utilizar tornozeleira eletrônica. Em nota divulgada neste sábado, as advogadas Thais Constantin e Deise Dutra, que representam a defesa dela, destacam que a medida teria sido imposta pelo Poder Judiciário em 17 de dezembro, mas ainda não houve notificação sobre o uso do dispositivo. O comunicado também diz que ela contribuirá com as investigações quando for notificada.
Conhecida como Punya, a mulher de 40 anos é apontada pela Polícia Civil como comparsa de supostos delitos praticados na comunidade Osho Rachana, no bairro Cantagalo. A defesa diz que não teve acesso à integralidade da investigação e, portanto, não irá se manifestar a respeito.
Conforme a 1ª DP de Viamão, os crimes teriam sido coordenados pelo pai dela, um homem de alcunha Prem Milan, 69 anos, e o irmão, vulgo Jwala, 42 anos. Os dois receberam ordem para usar tornozoleira eletrônica, assim como não podem fazer contato com as vítimas e tiveram de entregar os passaportes. A decisão judicial foi adotada como alternativa a um pedido de prisão preventiva feito pela PC.
Milan é suspeito de desviar R$ 20 milhões da seita, sendo também investigado por tortura psicológica, agressões físicas e por exposição de menores de idade a atos sexuais. Ele nega ter cometido os crimes.
As suspeitas ensejaram a Operação Namastê, no último dia 11 de dezembro, quando houve buscas na sede do grupo. Ali, foram apreendidos documentos, computadores, telefones celulares, máquinas de cartão e fotografias.
A ofensiva ocorreu após denúncias de ex-integrantes do culto ao Ministério Público. Eles alegaram ter ingressado na comunidade em busca de imersões e tratamentos alternativos, o que incluía meditação e outros rituais, por exemplo, a prática de sexo livre como processo terapêutico. Entretanto, os relatos davam conta de uma série de atos violentos, extorsões e da exposição de crianças às praticas no local.
As vítimas pagavam quantias mensais para morar na comunidade. Os “pacotes de imersão” custavam de R$ 8 mil a R$ 12 mil, e previam ações como a venda de pão, agendas e cadernos. O líder do grupo coordenava as atividades, sob o pretexto de que o montante arrecadado seria revertido ao coletivo.
De acordo com a delegada titular da 1ª DP de Viamão, Jeiselaure de Souza, a cobrança de dinheiro foi intensificada após a pandemia. O “guru espiritual” teria passado a exigir que todos os integrantes fizessem empréstimos bancários de alto valor que, ao invés de revertidos em prol da comunidade, teriam sido utilizados em proveito próprio.
Ainda conforme a delegada, o chefe da seita teria destinado os valores a empresas dele e para bancar viagens de luxo. Ele também teria utilizado parte da contribuição para apostar em jogos online.
Leia a nota da defesa da investigada
A filha de Adir Aliatti, chamado de “guru espiritual” e suspeito de desviar doações de seguidores de uma comunidade em Viamão, no Rio Grande do Sul, vem a público manifestar que possui uma defesa constituída, representada pelas advogadas Thais Constantin e Deise Dutra. Até o momento, a defesa não teve acesso à integralidade da investigação da Polícia Civil e, portanto, não irá se manifestar a respeito. “Ela se apresentará assim que intimada pelas autoridades e contribuirá para a investigação”, afirmam as advogadas. Quanto às medidas cautelares, que foram veiculadas pela mídia e teriam sido impostas pelo Poder Judiciário em 17 de dezembro, a defesa informa que ainda não houve intimação oficial e que a investigada irá contribuir tão logo for requisitada. Novidades sobre o caso, que envolvam a investigada, serão repassadas através da assessoria de imprensa.
Leia a nota da defesa do suposto guru
A defesa técnica de Adir Aliatti, realizada pelo advogado Rodrigo Oliveira de Camargo, ressalta que os fatos expostos na mídia estão distorcidos. Os denunciantes optaram por livre e espontânea vontade viver em sistema de subsistência, assim como ajudaram a gerenciar os valores arrecadados com os diferentes empreendimentos do grupo.