Em máxima histórica, o dólar disparou frente ao real e bateu R$ 6,26 nesta quarta-feira (18). O aumento ocorre em meio a espera da votação do pacote de gastos, proposto pelo governo federal, no Congresso. Nesta terça-feira (17), apesar da série de altas, a moeda se manteve estável, após chegar a R$ 6,20 pela manhã, e fechou o dia a R$ 6,09. A expectativa é de que a Câmara conclua a votação do projeto ainda hoje.
Na Câmara dos Deputados, o presidente Arthur Lira (PP-AL) deu início a um esforço concentrado para concluir as discussões e votações das matérias pendentes, entre elas o Orçamento de 2025, a regulamentação da reforma tributária e o pacote de ajuste fiscal. Ainda nesta terça, os parlamentares aprovaram o relatório do deputado Reginaldo Lopes (PT-MG) sobre o projeto de lei que regulamenta a reforma tributária no Brasil.
Nos Estados Unidos, o Fed (Federal Reserve), o Banco Central americano, cortou a taxa de juros do país em 0,25 ponto percentual, para a faixa entre 4,25% a 4,50% ao ano.
A disparada do dólar vem seguida da preocupação do mercado financeiro em relação à capacidade do Executivo em cumprir as metas do pacote de contenção de gastos do governo. Com isso, o BC (Banco Central) decidiu na última semana elevar a taxa de juros em um ponto percentual, de 11,25% para 12,25%, sinalizando, ainda, mais duas altas de mesma magnitude nas reuniões seguintes.
Com o aumento da Selic, o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central divulgou a ata da reunião da semana passada. No documento, os diretores da autoridade monetária citam a alta da moeda americana e o anúncio do pacote fiscal como fatores determinantes para elevação dos juros. “A percepção dos agentes econômicos sobre o recente anúncio fiscal afetou, de forma relevante, os preços de ativos e as expectativas dos agentes, especialmente o prêmio de risco, as expectativas de inflação e a taxa de câmbio”, diz o texto.
Haddad
Nesta quarta, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o governo está fazendo a sua parte em relação ao ajuste fiscal das contas públicas e disse acreditar que as medidas não serão desidratadas pelo Congresso Nacional. Haddad comentou, ainda, que um eventual ataque especulativo, com a subida do dólar e intervenção no câmbio, e defendeu que as ações sejam pautadas em fundamentos.
Recentemente, o Banco Central fez intervenções no câmbio, como a venda de dólares ao mercado e leilões de linha. Trata-se das primeiras medidas do tipo no governo de Luiz Inácio Lula da Silva, justamente na tentativa de acalmar o estresse do mercado com o pacote fiscal (leia mais aqui).