O dólar não dá trégua e volta a subir até R$ 6,16 (+0,74%) no mercado à vista na manhã desta quarta-feira (18) após abertura perto da estabilidade.
Além da espera pela conclusão das votações do pacote fiscal na Câmara, prevista para esta quarta, o mercado sustenta demanda cambial, em especial por empresas e fundos, para remessas de dividendos ao exterior ainda nesta semana, antes das festas de fim de ano.
O secretário de Política Econômica, Guilherme Mello, demonstra preocupação com o dólar acima de R$ 6 apontando os impactos diretos nos preços e na inflação, em entrevista ao Valor Econômico.
“É evidente que uma taxa acima de R$ 6 nos preocupa, com os impactos em preços. Temos que trabalhar, aprovando as medidas que enviamos para o Congresso, demonstrando sempre que possível o nosso compromisso com equilíbrio fiscal e com a retomada dos superávits primários”, afirmou.
Os juros futuros curtos sobem e os longos aliviam após anúncio das condições das ofertas dos leilões de compra e venda de títulos, que serão realizadas pelo Tesouro nesta quarta. Outros leilões, de compra e venda de títulos, serão realizados também nesta quinta e sexta-feira.
Leilão para segurar o dólar
É a primeira vez desde maio de 2020, durante a pandemia de Covid-19, que o órgão cancela um leilão tradicional de títulos públicos de quinta-feira e anuncia intervenção na tentativa de acalmar o estresse no mercado com o pacote fiscal.
Os investidores não relaxam enquanto a Câmara e o Congresso não concluírem as votações do pacote fiscal e leis orçamentárias.
Na terça (17), a Câmara aprovou o primeiro dos três projetos do pacote fiscal e agora faltam outras duas propostas que devem ser votadas nesta quarta: a que impõe teto de 2,5% de valorização real do salário mínimo e endurece regras do BPC, além de PEC com medidas complementares. O Congresso ainda deve analisar a LDO.
A expectativa pela decisão de juros do Fed (16H) e pelos sinais do seu presidente, Jerome Powell, sobre os possíveis próximos passos do BC americano também deixa o investidor na defensiva.
O mercado espera corte de 25 PB hoje, para o intervalo de 4,25% a 4,50% ao ano, e possíveis sinais sobre mudança de rumo diante do novo governo de Donald Trump a partir de janeiro, que promete impor tarifas, inclusive ao Brasil, o que é visto como potencialmente inflacionário.
Por enquanto, não há leilão cambial programado para esta quarta. Em 4 dias úteis, desde a última quinta, o Banco Central vendeu US$ 12,7 bilhões em leilões cambiais, maior volume desde a pandemia, em março de 2021.
Ainda assim, ontem, o dólar voltou a fechar em alta, renovando a máxima histórica em relação ao real, cotado a R$ 6,0961.
Às 9h54, o dólar à vista ganhava 0,62%, a R$ 6,1327. O dólar para janeiro subia 0,41%, a R$ 6,1365.