Preso pela PF (Polícia Federal) na manhã deste sábado (14) no Rio de Janeiro, o general do Exército e ex-ministro da Casa Civil Braga Netto é apontado como a ligação entre o plano para matar Luiz Inácio Lula da Silva e Alexandre de Moraes e o suposto golpe de Estado, segundo as investigações. Os agentes concluíram ainda que o ex-integrante do governo de Jair Bolsonaro teve a participação concreta em ambas as ações. Ele nega as acusações.
As informações constam em relatório elaborado pela PF sobre os eventuais crimes. O documento foi liberado pelo STF (Supremo Tribunal Federal) no final de novembro. O general do Exército participou de forma “concreta” nos atos relacionados a suposta tentativa de golpe de Estado, sendo que tinha conhecimento e aprovou os planos articulados para impedir a posse do presidente Lula e do vice-presidente Geraldo Alckmin.
“Os elementos probatórios obtidos ao longo da investigação evidenciam a sua participação concreta nos atos relacionados a tentativa de Golpe de Estado e da Abolição do Estado Democrático de Direito, inclusive na tentativa de embaraçamento e obstrução do presente procedimento”, aponta o relatório da PF, que destaca uma reunião realizada em 12 de novembro de 2022 na casa de Braga Netto, na Asa Sul de Brasília.
A reunião tinha o objetivo de dar suporte às medidas necessárias para tentar impedir a posse do governo eleito e restringir o exercício do Poder judiciário. A força de segurança diz que na ocasião foi discutido o “planejamento operacional para a atuação dos “kids pretos”, que são os militares de alta desempenho em ações de grande impacto.
A investigação da PF atribui ao general do Exército envolvimento direto com a ação de kids pretos mobilizados para a “Operação Punhal Verde e Amarelo”, plano apreendido com Mário Fernandes e que detalhava a estratégia para os assassinatos de Lula, Alckmin e Alexandre de Moraes.
Braga Netto estava envolvido, segundo a PF, no esquema de ataques pessoais a integrantes das Forças Armadas que não estavam dispostas a prosseguirem com o golpe de Estado. Nesse contexto, o general do Exército determinou a Ailton Barros que direcionasse os ataques ao então comandante Freire Gomes e Baptista Júnior, e, por outro lado, elogiasse Almir Garnier Santos, da Marinha, que era à favor da medida antidemocrática.
Na época, Braga Netto negou as acusações. Pelas redes sociais, afirmou nunca se tratar de golpe, “e muito menos de plano de assassinar alguém”. Em nota, a defesa do militar repudiou a criação de “uma tese fantasiosa e absurda”. “A defesa do general Braga Netto acredita que a observância dos ritos do devido processo legal elucidarão a verdade dos fatos”, diz o texto.