O Rio Grande do Sul apresentou em outubro seu maior índice de inadimplência da taxa de condomínio de 2024, segundo levantamento realizado pela Superlógica – principal plataforma de soluções tecnológicas e financeiras para os mercados condominial e imobiliário. O valor registrado no estado atingiu 10,97%. É o mais elevado dos últimos 10 meses, estando 2,6 pontos percentuais acima do apurado em setembro (8,37%).
A alta no estado segue uma tendência verificada no país como um todo: a inadimplência condominial também foi a mais acentuada dos últimos 10 meses na média nacional, chegando a 13,84%. O pico de inadimplência da taxa de condomínio no Rio Grande do Sul até então havia sido registrado em abril, de 10,82%; já o menor índice foi o de julho (7,83%). A média dos últimos dez meses no estado está em 9,24%.
“A inadimplência do mercado condominial vem subindo, e dois dos motivos são o aumento da inflação e da taxa de juros. São fatores que reduzem o poder de compra da população e, consequentemente, aumentam a inadimplência – sobretudo a condominial, dada a prioridade de pagamento das pessoas por despesas mais caras, como cartão de crédito, empréstimos e cheque especial”, analisa João Baroni, diretor da unidade de negócios de crédito da Superlógica. “Além da inflação e da alta dos juros, que impactam o custo de vida das pessoas, observamos que as bets também têm impactado nos gastos de muitas pessoas. E sabemos que isso tem reflexo na inadimplência por ser mais um fator de comprometimento do orçamento familiar.”
O relatório foi feito com aproximadamente 70 mil condomínios em todas as regiões do Brasil, somando mais de 3 milhões de imóveis (casas e apartamentos), no país, que possuem boletos que estão há mais de 30 dias sem pagamento ou que foram pagos com atraso de mais de 30 dias. Todos os dados são anonimizados, ou seja, não são passíveis de associação a um indivíduo, direta ou indiretamente. O levantamento leva em consideração o valor da taxa de condomínio, o tipo de imóvel (apartamento ou casa) e a sua localização, além das datas de vencimento e pagamento, que mostram se há inadimplência ou não.
RANKING
Entre os estados, Goiás liderou o ranking de inadimplência da taxa condominial em outubro, com 22,66%, seguido de Mato Grosso (17,64%) e Alagoas (15,85%). O levantamento da Superlógica revela ainda que, entre janeiro e outubro de 2024, o valor da taxa de condomínio no Brasil, em média, aumentou bem acima da inflação: de R$ 828,03 para R$ 901,74, uma elevação de 8,9% – 5,02 pontos percentuais a mais que o IPCA do período (3,88%).
A alta no Rio Grande do Sul foi de 11,97%, com a taxa condominial passando de R$ 456,36 em janeiro para R$ 510,97 em outubro. Trata-se de uma das maiores altas do período no país, atrás das do Rio de Janeiro (16,75%), Espírito Santo (13,46%) e Distrito Federal (12,48%). Por sua vez, as menores foram verificadas na Bahia (2,27%), Paraná (4,57%) e Ceará (5,32%).
Na comparação com o salário mínimo brasileiro atual, que é de R$ 1.412, a taxa média de condomínio, em valores nominais, já equivale a 95% dele no Ceará (R$ 1.341,30), 92% em Pernambuco (R$ 1.299,60), 81% no Amazonas (R$ 1.152,43), 76% no Maranhão (R$ 1.079,36), 74% no Rio Grande do Norte (R$ 1.052,50), 73% no Rio de Janeiro (R$ 1.031,50) e 70,8% no Espírito Santo (R$ 999,30). Na média nacional, a taxa de condomínio equivale a 63% do salário mínimo; no Rio Grande do Sul, a 36,2%.
A inadimplência da taxa condominial traz consequências prejudiciais tanto para os condôminos como para o próprio condomínio. Se, de um lado, o morador corre o risco de perder até o imóvel por não pagar a cota, caso a dívida seja judicializada e o bem, colocado em leilão, de outro o gerenciamento de gastos da coletividade torna-se incerto, muitas vezes inviabilizando manutenções de rotina e obras de melhoria.