Banco de areia formado após as enchentes no Guaíba já tem mesma área de parque de Porto Alegre

Mapeamento de arquiteto a partir de imagens de satélite consta que banco mede 25 hectares, área similar ao Parque Chico Mendes, na zona Norte

Bancos de areia nos rios Jacuí e Guaíba Foto: Camila Cunha/CP

O banco de areia permanente formado depois das enchentes de maio ao lado da Ilha das Balseiras, em Porto Alegre, no sentido oeste a partir do Parque Marinha do Brasil, já pode ser visto por meio do satélite Sentinel-2, do Programa Copernicus, da Agência Espacial Europeia (ESA). O local, formado a partir das enchentes de maio, conta com cerca de 25 hectares de área, tamanho similar ao Parque Chico Mendes, na zona Norte da Capital. A plataforma permite ver imagens anteriores, e nelas, é possível constatar um crescimento nos últimos meses.

Há menos de um mês, o banco também passou a constar nas plataformas de mapas colaborativos OpenStreetMap e Soar, em que os próprios usuários podem fazer contribuições, pelo arquiteto porto-alegrense Sérgio Volkmer, especialista em mapeamentos do Sistema de Informação Geográfica (GIS). Ele se valeu das imagens do Sentinel-2 para a mudança no mapa. “Em muitos aspectos, o OpenStreetMap é bem mais atualizado que qualquer mapa governamental e institucional. Está sempre em atualização permanente, e com verificação de várias imagens de satélite acessíveis”, disse Volkmer.

“Há áreas de banco ao redor da ilha que estão bem rasos, com vegetação crescendo e juncos, mas ainda não permanentemente emersos como ela. Quanto mais baixo o rio estiver nestes dias de pouca chuva, mais área ficará exposta. O que temos agora é verificável, é o que está exposto atualmente acima da linha da água”, prosseguiu ele, que disse ter considerado, para o mapeamento, a imagem mais recente disponível da área, divulgada no último domingo.

Além deste, outros dois pontos de bancos de areia, menores, também passaram a ser visíveis nas últimas semanas: um com cerca de 7,5 hectares, ainda assim sete vezes maior do que um campo de futebol médio, na altura do porto da Capital, e outra sequência de pequenos bancos, perto do canal do Furado Grande, entre as ilhas Humaitá e do Furado Grande. O nível do Guaíba, segundo a medição da Agência Nacional de Águas (ANA), estava nesta quinta-feira por volta de 1,45 metro, mais alto do que nos dias anteriores.

Na última segunda-feira, a marca chegou a ser menor do que um metro, de acordo com as medições públicas. A situação não afeta a navegação interior, já que o banco maior não está próximo a nenhum canal por onde navios passam, sendo o mais próximo deles o canal do Cristal. A estrutura de areia, que de ponta a ponta mede cerca de 1,7 quilômetro, está conectada à ilha das Balseiras, e, no futuro, poderá ser uma extensão dela. Criada pelo depósito de sedimentos vindos a partir das enchentes, ela se formou de maneira natural em uma região muito rasa do Guaíba.

“Para formar estes bancos, foi necessária muita energia, e ela é da correnteza A formação só foi feita em locais que pouco contribuem no escoamento. Não ocorreria sem uma cheia importante, mas este é o processo natural que criou todas as ilhas existentes no delta”, avalia o professor do Instituto de Pesquisas Hidráulicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (IPH/Ufrgs), Fernando Dornelles. Segundo ele, um estudo mais abrangente dos impactos deve ser feito a partir de uma modelagem hidrodinâmica, algo com o qual a universidade vem trabalhando por si para formular.