Por um período, o mercado de trabalho pareceu decifrar a fórmula perfeita: produtividade sem trânsito, reuniões sem roupa social e, claro, o estimado equilíbrio entre trabalho e vida pessoal. No entanto, o sonho do home office começa a dar sinais de declínio, pelo menos na visão das organizações. Cada vez mais, empresas do mundo todo, como Amazon, Google e Salesforce, estão convocando seus times de volta ao escritório, colocando fim ao que parecia ser uma tendência irreversível durante e após a pandemia. E os dados do Infojobs — site e app de empregos líder em conectar talentos e empresas, refletem esse cenário no território brasileiro.
Segundo um levantamento, os anúncios de vagas para home office caíram 3% em outubro de 2024, comparado com o mesmo período do ano anterior, enquanto as oportunidades presenciais e híbridas cresceram 39% e 32%, respectivamente. No último mês, o modelo presencial foi responsável por 94% das vagas anunciadas na plataforma.
Para Ana Paula Prado, CEO do Infojobs, essa mudança reflete uma nova fase no mercado de trabalho, mas o desafio está em encontrar um equilíbrio entre as necessidades das empresas e as expectativas das pessoas colaboradoras: “Com o aumento das vagas presenciais em relação às de home office, estamos vendo uma diminuição das opções de escolha para os profissionais. As empresas têm consciência dessa dinâmica e do impacto que isso gera na experiência e na retenção de talentos.”
Ela destaca que a questão não é simplesmente o retorno ao escritório, mas oportunizar modelos que ajudem as equipes a darem o seu melhor: “O retorno ao trabalho presencial é uma oportunidade de resgatar a interação humana espontânea, que impulsiona a colaboração e a inovação. Ao mesmo tempo, o desafio é encontrar o equilíbrio entre produtividade e bem-estar.”
ÁREAS DESTACADAS
Segundo a HR Tech, Comercial/Vendas liderou o ranking de vagas para trabalho remoto em outubro, com 1.054 oportunidades. Na sequência, apareceram Informática, TI e Telecomunicações (793), Telemarketing (164), Marketing (156) e Administração (150). São Paulo foi o estado que mais ofertou vagas dessa categoria, com 1.157 oportunidades, seguido de Rio de Janeiro (218), Paraná (149), Rio Grande do Sul (144) e Santa Catarina (120).
No modelo presencial, Comercial/Vendas também ocupou o primeiro lugar, com 39.513 vagas, seguido por Logística (12.386), Alimentação/Gastronomia (11.104), Industrial/Produção/Fábrica (9.336) e Administração (8.538). São Paulo foi o estado que mais ofertou vagas (70.290), seguido de Rio Grande do Sul (13.413), Minas Gerais (8.946), Paraná (7.486) e Rio de Janeiro (6.876).
Já no formato híbrido, Comercial/Vendas manteve-se na liderança, com 2.231 vagas, seguido por Contábil, Finanças e Economia (496), Informática, TI e Telecomunicações (414), Administração (401) e Recursos Humanos (305). Assim como nos demais modelos, São Paulo também foi o estado com mais oportunidades de vagas, com 3.201 oportunidades, seguido de Rio Grande do Sul (393), Rio de Janeiro (390), Paraná (248) e Minas Gerais (223).
Práticas como horários flexíveis, programas de apoio à saúde mental e espaços físicos acolhedores são fundamentais para facilitar essa transição e garantir uma experiência positiva. Além disso, manter um diálogo contínuo com o capital humano, por meio de pesquisas e feedbacks regulares, ajuda a ajustar o formato de trabalho conforme necessário, promovendo maior engajamento e satisfação.
À medida que as empresas reavaliam suas abordagens de trabalho, fica claro que a jornada rumo ao equilíbrio perfeito entre produtividade e bem-estar está apenas começando. “O futuro do trabalho não se limita a um único modelo; é uma combinação de oportunidades que favorecem a inovação e a colaboração. Portanto, enquanto as organizações se adaptam às novas demandas, é crucial que não apenas se concentrem nos números, mas escutem as pessoas colaboradoras, construindo um ambiente que valorize tanto a flexibilidade quanto a conexão humana”, finaliza Ana Paula Prado.