A balsa Hernave II, com 77 metros de comprimento, ainda está parada no canal de drenagem da propriedade do produtor rural Edson Saccon, na localidade do Passo Raso, em Triunfo, na região metropolitana, causando transtornos e prejuízos na casa dos milhões de reais. Ela foi trazida a partir do fluxo do rio Jacuí ainda durante as enchentes de maio. Foram abertas uma ação civil com pedido de reparação de danos contra o proprietário do navio e do estaleiro onde ele estava antes das cheias, além de uma notícia-crime na Polícia Civil contra o dono do navio para apurar responsabilizações criminais.
A ocorrência foi aberta pelo advogado Luiz Guilherme Alvarez, que representa Saccon nesta área. Segundo ele, trata-se de um crime ambiental. “A embarcação está em visível estado de abandono, sem sinal de identificação, bem como o proprietário não tem interesse em retirar o barco do local. Reportamos às autoridades competentes, e, no entanto, apesar das notificações, nenhuma medida efetiva foi adotada para remoção ou mitigação dos riscos”, disse ele.
Antes, os advogados haviam encaminhado uma notificação extrajudicial solicitando providências, conforme havia sido prometido pelo empresário Daniel Feliciani, da empresa Fênix Gestão de Passivos, que também está auxiliando Saccon na questão. O canal em questão tem dois metros de profundidade, sendo inviável a retirada desta embarcação sem outras de apoio. Logo após o incidente, navios rebocadores estiveram na área, conseguiram desviá-lo levemente da rota, mas não removê-lo.
Dias mais tarde, novas chuvas fortes trouxeram ele novamente ao lugar original. Ainda conforme Alvarez, a balsa bloqueia o fluxo natural de água necessário para a irrigação das lavouras de arroz do agricultor. “Isto prejudica diretamente sua produção, cuja safra deve ser irrigada entre os meses de outubro e fevereiro para colheita em março, acarretando prejuízo econômico significativo”, salientou.
Saccon contou que não estava em casa no momento do encalhe, mas em Florianópolis, para um tratamento médico. A denúncia foi encaminhada à Delegacia do Meio Ambiente (Dema) do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic). A reportagem fez contato com o proprietário do navio e do estaleiro onde o mesmo estava antes das cheias para um contraponto, mas não obteve respostas. A delegada Samieh Saleh, titular da Dema, confirmou haver uma investigação em curso, mas não forneceu mais detalhes.