Integrante do grupo que supostamente planejava sequestrar e executar o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes, o tenente-coronel Rafael Martins de Oliveira teria furtado os dados da CNH (Carteira Nacional de Habilitação) de um homem com quem teve um acidente de trânsito. A ideia seria usar os dados do cidadão para obter um chip de celular para as comunicações do grupo, sem usar os nomes dos envolvidos no plano de assassinato.
O homem que teve os dados furtados viajava pela BR 060 de Valáraíso (GO) para Anápolis (GO) quando bateu no carro do tenente-coronel Oliveira, a 600 metros do trecho conhecido como “sete curvas”. No boletim de ocorrência, o homem relata que depois do acidente conversou com Oliveira e eles acionaram a seguradora para retirar os veículos da via.
Na ocasião, Oliveira tirou uma foto da CNH do outro motorista, além do CRLV (Certificado de Registro e Licenciamento de Veículo), supostamente para fazer o boletim de ocorrência e acionar a seguradora. No entanto, o tenente-coronel usou os dados da CHH do outro condutor para comprar um chip de telefonia celular sem precisar usar suas próprias informações e, assim, não estar vinculado à linha usada no esquema criminoso.
De posse dos dados, Oliveira registrou uma das linhas utilizadas na ação. De acordo com o ofício enviado pela Polícia Federal ao ministro Alexandre de Moraes, as duas fotografias da CNH do outro condutor, tiradas por Oliveira, permitiram a identificação das digitais dele.
“Diante da referida foto, a Polícia Federal encaminhou o arquivo de imagem ao Instituto Nacional de Identificação – INI, solicitando a realização de perícia papiloscópica no documento digital para fins de identificação de impressões papilares”, diz o documento. Em resposta, o Laudo Papiloscópico verificou que as impressões digitais do dedo indicador esquerdo que aparecem na foto coincidem com as digitais de Rafael Martins de Oliveira.
Além disso, os metadados do arquivo revelaram que a imagem foi registrada pelo aparelho celular, este sim, registrado no nome de Oliveira, no dia 25 de novembro de 2022. “Os metadados também indicaram que a fotografia foi realizada nas coordenadas geográficas -16.088022; – 48.272847, que correspondem ao trecho da rodovia BR-060, sentido Brasília-Goiânia, a 600 metros do Restaurante 7 Curvas”, diz o documento.
“Com isso, as análises lograram êxito em identificar que as fotos armazenadas no aparelho celular de Rafael de Oliveira foram tiradas em razão do acidente de trânsito ocorrido na BR-060, no dia 24/11/2022″.
Ainda de acordo com o ofício da PF, a partir dessa constatação, que demonstrou imediata correlação entre os dados vinculados ao terminal telefônico e a pessoa envolvida no acidente de trânsito, a equipe de investigação chegou à conclusão de que Oliveira utilizou os dados do homem com quem se envolveu no acidente para habilitar número telefônico posteriormente utilizado na ação clandestina de 15 de dezembro de 2022. “Essa conclusão converge com o processo de ‘anonimização’, técnica prevista na doutrina de Forças Especiais do Exército que possui como finalidade não permitir a identificação do verdadeiro usuário do prefixo telefônico”, explica o documento.